No acordo
econômico que se seguiu, os contribuintes pagaram mais de um bilhão de
USD
aos proprietários do reator.
Para compreender o sucesso político desse acordo, devemos ver como a
decisão afetou os partidos interessados.
As companhias de energia só lucraram. Um dos reatores que tinham cus-
tos evitáveis muito acima dos preços da eletricidade foi fechado. Nenhuma com-
panhia teve perda em razão do acordo. Todos os produtores de eletricidade
esperavam beneficiar-se com o aumento marginal do preço da eletricidade. As
companhias de energia nuclear ganharam. Foi anulada a decisão de fechar todos
os reatores com
25
anos de idade e, mais importante, foram dadas compensa-
ções pelo fechamento dos reatores. Mesmo para o primeiro reator mais velho
com custos evitáveis acima dos preços de mercado.
Logo após, o vice-ministro de Energia, que conduziu a decisão, Peter
Nygårds, foi alçado ao posto de diretor administrativo da
SKB
, uma companhia
administradora de resíduos nucleares pertencente ao conjunto dos proprietários
dos reatores nucleares suecos. Essa indicação mostra que a indústria de energia
pelo menos não ficou desapontada com o acordo político.
A indústria intensiva de energia pode não ter gostado do risco de um au-
mento marginal de preços em curto prazo em razão da redução da superprodu-
ção. Todavia, com o mercado de eletricidade integrado incluindo outras nações
além da Suécia, o efeito de desativar um pequeno reator foi menor. Mais impor-
tante foi revogar a decisão de desativar todos os reatores após
25
anos de opera-
ção. Essa perda de produção seria suficientemente grande em relação à capacidade
de transmissão para o norte da Europa, o que afetaria os preços na Suécia.
Muitos oponentes ativos da energia nuclear que celebraram o início da de-
sativação e porta-vozes do governo fizeram bem-sucedidos esforços para apoiar
essa imagem do acordo com manifestações de retórica política.
Os contribuintes, que tiveram que pagar uma indenização aos proprietários
do reator, constituem um grande número de pessoas que perderam individualmen-
te uma significativa quantia em dinheiro. É muito difícil organizar suficientemente
tais indivíduos para entender, e menos ainda para defender, seus interesses.
Barsebäck I foi fechado em
1999
. A fim de prosseguir a desativação dos
E
STUDOS
A
VANÇADOS
21 (59)
,
2007
232
outros reatores em Barsebäck, a produção de eletricidade do primeiro reator de-
veria ser substituída por fornecimento de energia renovável ou melhoria na efici-
ência. Isso foi alcançado em poucos anos. Os reatores em operação produziram
cada um em média entre
3,5
e
4 TW
h. Entre
2000
e
2005
, a produção anual de
eletricidade a partir apenas de bioenergia aumentou mais de
4 TW
h; adicional-
mente a energia eólica aumentou de meio
TW
h (veja Diagramas
1
e
2
).
Como resultado, Barsebäck II foi desativado em 2005. Foi estabelecido
um acordo semelhante para indenizar o proprietário.
As usinas nucleares restantes, compreendendo um total de dez reatores,
continuam em operação. Nenhuma decisão foi tomada para a continuidade das
desativações. O governo atual manifestou explicitamente que nenhuma decisão
será tomada durante a sua gestão.
O preço da eletricidade tem crescido na Europa parcialmente em razão
das restrições à emissão de carbono. O resultado é que as usinas nucleares não
são mais um peso econômico aos seus proprietários. Ao contrário, os proprie-
tários estão investindo na modernização das usinas, e foi permitido a algumas
aumentar a sua potência de geração. Se todos os planos forem realizados, o
aumento da potência dos reatores remanescentes pode ser igual à capacidade
perdida quando os dois pequenos reatores Barsebäck foram fechados.
Isso parece ser economicamente racional. Pode-se ver que os custos ope-
racionais dos mais velhos e pequenos reatores eram muito altos para justificar a
continuação de sua operação, enquanto os mais novos e maiores reatores custam
mais para construir, mas operaram com custos de operação defensáveis. Novos
reatores não são um investimento rentável, mas um aumento marginal aos me-
lhores reatores existentes pode torná-los lucrativos.
Assim, a decisão das lideranças políticas de desativar os reatores Barsebäck
pode parecer economicamente racional num sentido estreito. Mas existem ou-
tros fatores relevantes.
Barsebäck está situado próximo à terceira maior cidade da Suécia, Malmö,
e exatamente diante de Öresund, em linha reta de Copenhagen, a capital da
vizinha Dinamarca. Um acidente no reator de Barsebäck teria maiores conse-
qüências sociais e econômicas do que em relação a qualquer outra usina nuclear
da Suécia, situada mais distante de grandes centros populacionais
Além disso, o corpo de funcionários de Barsebäck mostrou um comporta-
mento que causou muita preocupação às autoridades de segurança.
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