radioativos custarão dinheiro no futuro. Se incluirmos o custo do manejo do
lixo do combustível nuclear usado por milhares de futuras gerações, o custo de
encerramento da usina pode ser maior que o custo para construí-la.
E
STUDOS
A
VANÇADOS
21 (59)
,
2007
239
O custo direto do manejo do lixo nuclear pode não ser tudo, ou mesmo
a parte mais importante dos custos totais. Acidentes com lixo e emissões radio-
ativas resultantes, sabotagem futura ou uso deliberado do material produzido
pelos reatores para construção de armas nucleares poderão causar conseqüências
importantes até milhares de anos no futuro.
Existem incertezas sobre quais métodos podem ser usados e qual será o
custo real do manejo de lixo. Uma lição importante pôde ser aprendida quando
o governo britânico preparou a privatização de usinas nucleares em
1987
. Os
investidores privados, considerando assumir as usinas e operá-las no mercado
competitivo de energia, alteraram significativamente as estimativas de desati-
vação e manejo do lixo. Houve um aumento grosseiramente estimado de dez
vezes nos custos futuros (ver MacKerron,
1991
).
Quando as incertezas são tão grandes, como no caso do manejo de lixo
nuclear, é importante saber sob quais condições foi levantado o custo estimado.
Antes de tentar a privatização na Grã-Bretanha, os reatores nucleares operaram
sob monopólio do governo. As pessoas do Departamento de Energia Nuclear
desse monopólio tinham todo o interesse em produzir baixas estimativas para o
custo do manejo do lixo. Baixo custo faria a energia nuclear parecer mais com-
petitiva e aumentaria a possibilidade de maiores investimentos e crescimento
do Departamento Nuclear. Se as estimativas se revelassem baixas, isso não seria
considerado um problema. A companhia monopólica poderia simplesmente au-
mentar seus preços para levantar o dinheiro necessário para o manejo do lixo. Se
isso se mostrasse impossível, eles poderiam confiar nos proprietários dos reatores
e do problema do lixo: os contribuintes.
Os investidores privados estavam em uma situação inteiramente diferente.
Eles não tinham nenhum motivo para subestimar o custo do lixo. Eles apenas
queriam a melhor estimativa possível para poder fazer uma oferta suficiente-
mente alta para obter os reatores, mas suficientemente baixa para garantir lu-
cros futuros. Eles sabiam, contudo, que encarariam um mercado competitivo
de eletricidade. Desse modo, também sabiam que eles não seriam capazes de
aumentar o preço da eletricidade para levantar o dinheiro necessário, no futuro,
para o manejo do lixo. Eles também sabiam que não gostariam de apelar para os
proprietários. Os proprietários seriam eles mesmos os investidores.
Os custos administrativos reais no futuro dependerão também de quão peri-
gosa se tornar a poluição radioativa no futuro. Durante as últimas poucas décadas
de contaminação radioativa, os conhecimentos sobre riscos de câncer e de efeitos
genéticos acumularam-se vagarosamente. Pode ser relevante distinguir, por um
lado, entre os efeitos de radiação externa, causados por explosões nucleares dis-
tantes ou geradores de raios
X
, e, por outro, por doses a que foi submetida uma
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