EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: lições da história
Terezinha Saraiva*
Introdução
A prática da educação a distância (EAD) tem sido concretamente uma
prática educativa, isto é, de interação pedagógica, cujos objetivos,
conteúdos e resultados obtidos se identificam com aqueles que constituem,
nos diversos tempos e espaços, a educação como projeto e processo
humanos, histórica e politicamente definidos na cultura das diferentes
sociedades.
Embora a educação implique comunicação de informações e conhecimentos,
estímulo ao desenvolvimento de habilidades e atitudes, que constituem o
que denominamos ensino, implica também e necessariamente a apropriação,
por parte dos sujeitos, das informações e conhecimentos comunicados,
das habilidades e atitudes estimuladas, apropriação denominada
aprendizagem. Além disto, a educação implica processos pessoais e sociais
de relação entre o ensinado e aprendido e a realidade vivida, no contexto
cultural situado, produzindo - pessoal e coletivamente - a existência social
e individual.
Mesmo quando se fala da educação institucionalizada, a prática tem
demonstrado a impossibilidade de êxito de abordagens limitadas fora do
contexto da prática social, da educação como puro processo de transmissão
*Consultora do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Rio de Janeiro.
Participou da elaboração do Programa de EAD e do Projeto Logos, desenvolvidos por
essa instituição.
e ensino, da educação como aprendizagem de conteúdos sem relação com
a apropriação transformadora da realidade.
São estas visões reducionistas que levam a concepções também distorcidas
da educação a distância, aceitando que projetos limitados à veiculação de
informações por diferentes e mais ou menos sofisticados meios de
comunicação sejam denominados como de ensino/educação a distância.
A educação à distância só se realiza quando um processo de utilização
garante uma verdadeira comunicação bilateral nitidamente educativa. Uma
proposta de ensino/educação à distância necessariamente ultrapassa o
simples colocar materiais instrucionais a disposição do aluno distante.
Exige atendimento pedagógico, superador da distância e que promova a
essencial relação professor-aluno, por meios e estratégias institucionalmente
garantidos.
A utilização pedagógica deve ocupar lugar central no processo de
planejamento da educação a distância. Respondendo a necessidades
educacionais a serem atendidas, as alternativas de efetivação da relação
pedagógica são o critério que deve presidir a escolha dos meios, o modo de
produzir materiais, a organização da veiculação e dos canais de
comunicação à distância entre professores e alunos durante todo o
processo.
Do material impresso e da correspondência, do rádio e da televisão, até as
mais recentes tecnologias da comunicação, a variedade dos meios passíveis
de adoção isolada ou combinadamente, em sistemas de multimeios, impõe
critérios de seleção. Certamente a escolha deve basear-se na solução da
questão de promoção da efetiva
;
iteração pedagógica que, obviamente,
passa por critérios de viabilidade, conveniência e custo-benefício.
Em Aberto, Brasília, ano 16, n.70, abr./jun. 1996