Um grande amigo meu, publicitário de renome,
passou por alguns momentos de
grande constrangimento. Mas como é meu grande amigo, vou contar a história sem dar o
nome do santo. Só o apelido: “Pasta D’água”. Ele recebeu este apelido pela particularidade de,
dois minutos após comer qualquer coisa, correr para o banheiro. Não tem jeito, é pá, pum...
O Pasta D’água estava procurando um apartamento no bairro do Morumbi, em São Paulo.
Como tem muita grana, queria um imóvel de trezentos a quatrocentos metros quadrados. Um outro amigo em comum,
presidente de um banco multinacional, havia comprado um imóvel gigantesco na Vila Olímpia, outro bairro nobre de
São Paulo, e colocou seu apartamento do Morumbi à venda. Fiquei sabendo e disse ao Pasta (só para os íntimos), que
ficou animado e resolveu ver o imóvel.
O presidente do banco quis ser muito gentil e combinou que, no dia da visita, sua esposa também estaria lá para
mostrar pessoalmente o imóvel com todos os detalhes. Marcaram em uma tarde de quarta-feira, às 15 horas. Acontece
que nesse dia o Pasta D’agua fez um almoço de negócios no Restaurante do Bolinha, especializado em feijoada. Antes
de sair para ver o apartamento foi ao banheiro do restaurante mesmo, para não dar vexame na frente da madame
esposa do banqueiro.
O Pasta chegou uns 45 minutos antes, falou com o porteiro e perguntou se a madame já havia chegado. O porteiro
disse que ainda não, mas que ele poderia subir, porque fora muito bem recomendado. E assim foi feito: o Pasta D’agua
pegou a chave e foi ao décimo andar para ver o imóvel antes da chegada da proprietária, aliás uma distinta senhora de
uns 50 anos.
Acontece que em pleno elevador o Pasta começou a sentir aquelas cólicas malditas. O elevador foi subindo, as cólicas
aumentando, ele com a chave na mão e as pernas já presas uma na outra, andando pra lá e pra cá igual a um pingüim. O
Pasta já começava a suar, e o elevador parecia que não chegava nunca. Ele desceu, abriu a porta do apartamento e entrou
no primeiro banheiro que viu, sentou no vaso e fez o serviço.
Só que esse banheiro estava sem a porta, que tinha sido retirada para pintura. O chão estava com pedaços de saco de
cimento, por conta da reforma que estava sendo realizada no imóvel. Então ele ouviu a porta da sala se abrir. Pasta
ficou apavorado: estava sentado no vaso sem as calças. Procurou o papel higiênico, não tinha. Pegou o pedaço de um
dos sacos de cimento, limpou o que dava, jogou o papel no vaso sanitário, apertou a válvula de descarga e.... surpresa!
Nada. Ele abriu o reservatório, que estava cheio d’água, mexeu no tampão e conseguiu fazer a água escoar. Mas, para
completar, o papel do saco de cimento entupiu o vaso e a água ameaçou transbordar.
No seu desespero, Pasta tirou a cueca para vedar a saída de água. Assim foi feito, mas com o todo o nervosismo ele não
percebeu que a dona do imóvel já estava se aproximando. Quando ela chegou à frente do banheiro lá estava o Pasta
D’agua, de camisa social com gravata, sem calça, só de sapato e meias.
A madame não sabia se chamava a segurança ou se saía correndo do apartamento. Resolveu sair. O Pasta vestiu as calças
e saiu atrás, não sem antes jogar pela janela a cueca toda molhada, que caiu no play perto de várias babás e criancinhas.
Quando ele chegou ao térreo o porteiro já estava esperando para colocá-lo dali para fora. Quase chamou a policia. É claro
que o negócio não saiu, e o Pasta nunca mais passou perto daquele prédio.
P
OR
D
ÉCIO
C
LEMENTE
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*Décio Clemente, que atua na área de marketing há mais de 30 anos, é colunista da Rádio Jovem Pan de São Paulo.
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