Navegante Demens: na estação onde as paralelas se encontram no infinito é resultado da navegação pela imensidão das águas. Partindo da secura de um antigo oceano primordial em direção às águas do corpo humano, da Natureza e do Cosmos, este trabalho busca religar os fragmentos do pensamento metafórico, selvagem, mitológico aos fragmentos de um pensar lógico racional. E assim religar Natureza e Cultura através de uma antiga/nova visão de mundo.
TÍTULO: OS JARDINS SECRETOS
AUTOR: Júlio César Gurgel
ORIENTADORA: Maria da Conceição X. de Almeida
Graduação em Comunicação Social - 1999
Esta coletânea, ou "textualização de imagens", resultante da criação ou ainda recr(e)iação de sete fábulas, busca resgatar a estratégia comunicativa das narrativas da tradição, e o uso da metáfora como modo complexo e eficiente de transmissão dos saberes. Contrapondo-se ao formato linear dos relatos acadêmicos e a uma ciência reducionista e fragmentária, que desconecta os diversos domínios do conhecimento, este ensaio estético e polifônico tenta resgatar os saberes milenares da tradição oral, reunificando assim natureza & cultura, pensamento científico e mítico-simbólico. Reacendendo o Eros adormecido, nos transporta por meio das sete histórias a um tempo perdido, em que ressuscitam os mitos adormecidos dentro de nós, em que convivem livres as nossas dimensões sapiens e demens, numa atividade criativa e milenar de semear e cultivar o sonho possível de reconciliar o lúdico, o mágico e o lógico.
TÍTULO: OUVIR, ESCREVER, DISPERSAR: SOBREVOANDO MÃE LUIZA
AUTOR: Luciano Magnus de Araújo
ORIENTADORA: Maria da Conceição X. de Almeida
Graduação em Ciências Sociais - 1999
A monografia conversa com lembranças, com histórias alheias. Trata-se de um trabalho interesseiro, que pretende contribuir obstinadamente como o fazer de uma formiguinha: o de ouvir, escrever, dispersar; um trabalho que tenta focalizar o indivíduo da periferia no lugar onde ele vive, buscando saber como esse indivíduo-pessoa-mundo vê o espaço onde habita. A atenção é voltada no sentido de se desvendar como é criada a identidade de pertencimento ao lugar e como este último se reflete no olhar daquele que vê o mundo. Algumas pontes são construídas neste percurso por campos da memória. O indivíduo não existe isoladamente, encontra-se imerso na polifonia do lugar, do bairro, da cidade, do mundo. Neste trabalho, tudo que será lido processa-se como um filme, um encadeamento de cenas, de sequências. Erros e acertos serão cometidos para os que se dispuserem a trilhar o caminho individual, o caminho incerto do ser e de suas histórias. A voz do indivíduo é valorizada como manancial para o descortinar de cenários, acontecimentos e sínteses, ou pelo menos aproximações sobre a vida em espaço típicamente comunitário. O bairro, guardando limites e especificidades, ainda é o lugar onde o indivíduo está mais próximo de relações orgânicas: seja com seus iguais, seja com hábitos e costumes compartilhados. A voz desse indivíduo é a fonte para a presente inscrição e consequente dispersão no tempo...
TÍTULO: PÉROLAS (IR)REGULARES: ARTE E CULTURA NOS TEMPLOS BARROCOS NO NORDESTE DO BRASIL
AUTOR: John Alex Xavier de Souza
ORIENTADORA: Maria da Conceição X. de Almeida
Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais - 1999
O pesquisador trata os caminhos e descaminhos da arte, de forma aberta, sem os rasgos do objetivismo, que impossibilitaram a compreensão do objeto de arte. A partir daí, observa, através de uma panorâmica do gosto barroco, a maneira que a história legou sua construção – uma visão deveras preconceituosa, filha das inconsequências do racionalismo. Aponta rumos diferentes a se trilhar sobre o tema, quebrando com os determinismos e sociologismos, abrindo espaço para uma visão polifônica, em parceria com a dialógica. Dessa forma, a dissertação estuda uma série de fachadas de templos católicos ao longo do litoral nordestino, durante a efervescência do período barroco. A pesquisa corresponde a uma busca de elementos inusitados na arquitetura, através da dinâmica sofrida pelas fachadas e espaço físico onde elas se encontram, que venham desvendar características de uma organização peculiar que corresponde à sociedade e cultura brasileiras. Procura também entender que o Barroco é um elemento-chave para tal, por possuir íntima relação com a formação do Brasil.
TÍTULO: POR UMA PEDAGOGIA DA COMPLEXIDADE: CARTOGRAFIA DAS IDEIAS DE CLARIVAL DO PRADO VALLADARES
AUTOR: Wani Fernandes Pereira
ORIENTADORA: Maria da Conceição X. de Almeida
Tese de Doutorado em Educação – 1999
A tese trata da leitura da obra do historiador, crítico de arte e educador patrimonialista Clarival do Prado Valladares, e a partir daí, visualiza indícios que antecipam proposições atuais acerca de um pensamento/conhecimento complexos, multi e transdisciplinar. Para dar conta desses indícios aproximativos, usa-se como estratégia um diálogo entre o autor e parte de um elenco de pensadores ‘selvagens’, ‘mestiços’, onde despontam nomes tais como o de Edgar Morin, Claude Lévi-Strauss, Michel Serres, Pierre Lévy, Henri Atlan, entre outros. Diante da monumentalidade da obra dispersa geograficamente em instituições, a pesquisadora idealiza uma cartografia, circunscrita nas cidades de Natal, Salvador e Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, mapeando e inventariando séries de artigos em revistas e periódicos, ensaios, livros temáticos, exposições iconográficas, além de participação em bienais, salões, festivais de arte. Desse capital cognitivo, elege no recorte, ideias, neologismos, noções que ampliam o entendimento de uma antropologia da arte, sua universalidade e complexidade. Ao transitar pelos limites de áreas diversas do conhecimento, Clarival, desenha e tece uma trama, desvenda uma arqueologia, retira do silêncio da cultura e imprime historicidade a uma diversidade de objetos e sujeitos. O uso de imagem através da documentação fotográfica torna-se aporte e suporte da iconografia como método. Amplia assim o caleidoscópio de um verdadeiro museu de imagens, onde ex-votos pintados, carrancas, esculturas e epígrafes tumulares, as carrancas do São Francisco e memórias votivas, adquirem critérios estéticos. Sob a forma de exposições ou eventos, a configuração desse museu de imagens torna-se um aporte imprescindível na constituição de uma pedagogia da complexidade a partir de um processo recursivo entre arte/educação/arte.
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