A partir do 4º ano já é possível discutir tipos de descrição e a função delas em cada texto.
No conto “A irmã desconhecida”, incluído no livro Volta ao mundo em 52 histórias, não
há descrições da morada do rei nem da cabana onde viviam os irmãos da menina. Pode-se
perguntar aos alunos se eles sabem por que isso acontece. Já em outra narrativa, “O rouxi-
nol”, contida no livro Histórias maravilhosas de Andersen, o leitor tem muitas pistas para
imaginar fielmente tanto o palácio quanto o jardim, mas sabe muito pouco a respeito da
cozinha em que se encontrava a criança que conhecia e sabia onde vivia o belo pássaro alme-
jado pelo imperador. Isso também pode ser explicitado em uma conversa com as crianças.
Por meio dessas atividades, os alunos passam a perceber que o escritor persegue objeti-
vos com as descrições que inclui em seus textos. O palácio e o jardim que o circundam, por
exemplo, estão detalhados porque se trata de informações fundamentais para a trama. Já a
caracterização da cozinha não interessa tanto para o desenvolvimento da história... Tudo
depende dos objetivos do escritor, das sensações que ele quer provocar no leitor.
Ao discutir essas questões, as crianças começam a imitar os escritores profissionais: pas-
sam a descrever lugares de acordo com o tipo de texto que pretendem escrever, pautadas
pelas sensações que querem despertar nos leitores. Uma estratégia interessante para auxiliá-
-las nesse exercício é fazer que escrevam e revisem sua produção escrita, buscando ideias nos
livros que já conhecem. Se já tiverem lido O livro dos medos, por exemplo, pode-se sugerir
que retornem a ele e tentem descobrir como os autores descreveram os lugares para causar
medo, ou que releiam um conto em que haja uma descrição de jardins, bosques, florestas ou
parques e observem que recursos o autor usou para caracterizá-los.
Nas classes finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, os alunos já devem ter
aprendido a observar a função das descrições contidas nas histórias. Devem também ter
conhecimento de uma considerável diversidade de ambientes, além de ter desenvolvido a
competência própria para pôr no papel as histórias inventadas com o auxílio de sua imagi-
nação. Assim, pode-se propor que produzam recriações de narrativas que já conheçam bem,
alterando os cenários em que se desenrolem as ações. Um exemplo: pedir que reescrevam a
história de Cinderela ambientando parte dos eventos num estádio de futebol ou num circo.
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