A
parentes e amigos puderam reconhecê-lo.
FERNÃO DIAS E A MIRAGEM FATAL
trágica jornada de Fernão Dias rumo à miragem de Sabarabuçu reprisou, em
terras
brasileiras, as vertiginosas viagens dos espanhóis em busca do
Eldorado. Ao longo dos sete anos em que permaneceu no sertão à cata de
esmeraldas que não estavam lá, a expedição se defrontou com todas as
turbulências: fome, peste, traição, assassinato, delações, miséria e filicídio. A
única concessão de um destino de resto
inclemente foi permitir que, ao morrer,
num delírio febril, Fernão Dias tivesse certeza de que eram esmeraldas as
turmalinas que arrancara da terra.
Em 1672, quando o rei de Portugal o conclamou para ajudar na caça às
pedras verdes, Fernão Dias Pais era um dos mais experientes e bem-sucedidos
sertanistas de São Paulo – e um dos mais idosos. Aos 64 anos, já participara dos
“saltos” às reduções do Tape – RS, já investira contra o Itatim – MS e caçara
indígenas pelos arredores de São Paulo. De uma só
vez trouxe, de Apucarana –
PR, cinco mil Guayaná cativos. Possuía duas enormes fazendas, uma em
Parnaíba – SP, outra em Pinheiros (hoje bairro da cidade de São Paulo), nas
quais seus escravos plantavam o trigo que o governo comprava para alimentar as
tropas em luta contra os holandeses no Nordeste. Nascido dos “mais velhos clãs
vicentinos”, filho e neto de pioneiros ilustres, Fernão
Dias Pais Leme era um dos
homens mais ricos e famosos da São Paulo seiscentista. E um dos mais
“piedosos” também: os padres não cansavam de elogiá-lo por ter erguido, à
própria custa, o mosteiro de São Bento.
Em 1674, porém, Fernão Dias largou tudo – a mulher enferma, as seis filhas,
as fazendas –,
vendeu sua prata, seu ouro e seu gado e partiu em busca das
“recônditas pedras verdes”. Tinha 66 anos.
A lenda indígena de Sabarabuçu, a serra resplandecente, há muitos anos fazia
Compartilhe com seus amigos: