aquele momento, o governo Vargas jogara habilmente com os antagonismos
entre as nações democráticas e o nazifascismo, fazendo um jogo já definido
como “neutralidade interesseira”. Mas não era apenas um jogo: Vargas e seus
assessores estavam de fato divididos. Em julho de 1940 – coincidindo com a
invasão da França pelos nazistas –, o presidente fizera um discurso dúbio que
deixou norte-americanos e ingleses temerosos de que
o Brasil se alinhasse aos
países do Eixo. Os generais Dutra e Góis Monteiro eram francamente favoráveis
à aliança com a Alemanha, tanto que, em 1940, Dutra chegara a sugerir que o
Brasil declarasse guerra à Inglaterra e, em janeiro de 1942,
Monteiro ainda era
contrário ao rompimento das relações com os nazifascistas. Além disso,
colaboradores íntimos de Vargas, como o jurista Francisco de Campos e o chefe
de polícia Filinto Müller, também eram admiradores do regime de Hitler. E o
próprio Vargas muitas vezes se comportara como um totalitário.
O brilhantismo vigoroso do embaixador do Brasil nos Estados Unidos,
Osvaldo Aranha, fazia a balança pender para o outro lado. Em 15 de janeiro de
1942, Aranha foi a principal estrela da Conferência
de Chanceleres das
Repúblicas Americanas, realizada no Rio de Janeiro. Foi ele quem propôs o
rompimento de todas as relações comerciais, políticas, militares e diplomáticas
entre as nações da União Pan-Americana e os países do Eixo. Os EUA preferiam
declaração de guerra, mas aceitaram essa decisão –
e se comprometeram a
garantir a defesa territorial do Brasil. Embora o país não tivesse declarado guerra
à Alemanha – que, na época, ainda era o segundo maior parceiro comercial do
Brasil, suplantado apenas pelos EUA –, Hitler determinou o torpedeamento de
navios brasileiros. O primeiro foi afundado em fevereiro de 1942. O povo saiu às
ruas clamando por vingança, e em agosto o Brasil entrou na guerra.
Em janeiro
de 1943, Roosevelt visitou a base que o Brasil autorizara os EUA a construir em
Natal. Encontrou-se com Vargas, a quem chamou de “dictator in defense of
democracy” (“ditador em defesa da democracia”), e sugeriu que o Brasil fosse
um dos fundadores da futura Organização das Nações Unidas.
Vargas aceitou e,
em troca de dinheiro e armas, enviou tropas brasileiras para a Europa.
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