Tradução
clemente
pereira
Benjamin alire Sáenz
Copyright da edição original © 2012 by Benjamin Alire Sáenz
Publicado mediante acordo com Simon & Schuster Books For Young Readers,
um selo da Simon & Schuster Children’s Publishing Division.
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O selo Seguinte pertence à Editora Schwarcz S.A.
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990,
que entrou em vigor no Brasil em 2009.
título
original
Aristotle and Dante Discover the Secrets of the Universe
capa
Chloë Foglia
ilustração
de
capa
© 2012 by Mark Brabant
lettering
de
capa
e
desenhos
ao
redor
© 2012 by Sarah J Coleman
preparação
Thais Rimkus
revisão
Renato Potenza Rodrigues e Mariana Cruz
[2014]
Todos os direitos desta edição reservados à
editora
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (
cip
)
(Câmara Brasileira do Livro,
sp
, Brasil)
Sáenz, Benjamin Alire
Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo /
Benjamin Alire Sáenz ; tradução Clemente Pereira. — 1
a
ed. — São
Paulo : Seguinte, 2014.
Título original: Aristotle and Dante Discover the Secrets
of the Universe.
isbn
978-85-65765-35-0
1. Ficção juvenil I. Título.
14-02805
cdd
-028.5
Índice para catálogo sistemático:
1. Ficção : Literatura juvenil 028.5
A todos os garotos que tiveram de
aprender a jogar com regras diferentes.
Por que SorrimoS? Por que damoS riSada?
Por que nos sentimos sós? Por que somos tristes e confu-
sos? Por que lemos poesia? Por que choramos ao ver uma
pintura? Por que nosso coração se descontrola quando
estamos apaixonados? Por que sentimos vergonha? O que
é essa coisa no fundo das entranhas chamada desejo?
As diferentes regras
do verão
O problema da minha vida era que ela tinha sido
ideia de outra pessoa.
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Um
Certa noite de verão, Caí no Sono deSejando
que o mundo fosse diferente quando eu acordasse. Quando abri os
olhos de manhã, estava tudo igual. Afastei os lençóis e permaneci
deitado, enquanto o calor entrava pela janela aberta.
Estendi o braço para sintonizar o rádio. Tocava “Alone”. Droga.
“Alone”, de uma banda chamada Heart. Não era minha música
favorita. Não era minha banda favorita. Não era meu assunto favo-
rito. “Você não sabe quanto tempo…”
Eu tinha quinze anos.
Estava entediado.
Estava infeliz.
Por mim, o sol poderia ter derretido todo o azul do céu. Aí o céu
seria tão infeliz quanto eu.
O locutor dizia coisas irritantes e óbvias, como “É verão! Faz
calor lá fora!”, para depois chamar a vinheta antiga do Cavaleiro
Solitário; ele gostava de tocar aquilo todas as manhãs, achava que
era um bom jeito de acordar o mundo. “Aiô, Silver!” Quem contra-
tou esse cara? Ele era péssimo. Acho que pensava que, ao escutar-
mos a abertura da ópera Guilherme Tell, imaginaríamos o Cavaleiro
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Solitário e o Tonto cavalgando pelo deserto. Talvez alguém devesse
dizer àquele cara que já não tínhamos mais dez anos. “Aiô, Silver!”
Droga. A voz dele preencheu de novo o ar: “Hora de acordar, El
Paso! Segunda-feira, 15 de junho de 1987! 1987! Dá pra acredi-
tar? Um grande ‘feliz aniversário’ a Waylon Jennings, que completa
cinquenta anos hoje!”. Waylon Jennings? Aquilo era uma estação
de rock, caramba! Mas o que o locutor disse em seguida deu a
impressão de que talvez tivesse cérebro. Ele contou como Waylon
Jennings tinha sobrevivido ao acidente de avião que matara Buddy
Holly e Richie Valens, em 1959. Para finalizar o comentário, tocou
a versão de “La bamba” de Los Lobos.
“La bamba.” Era tolerável.
Comecei a batucar o chão de madeira com os pés descalços.
Enquanto balançava a cabeça no ritmo da música, imaginava o que
Richie Valens teria pensado antes de o avião se espatifar no chão. Ei,
Buddy! Acabou a música.
A música acabou tão cedo. A música acabou quando mal tinha
começado. Era muito triste.
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Dois
entrei na Cozinha. minha mãe PreParava um
almoço para as amigas da igreja. Peguei um copo de suco de laranja.
Minha mãe sorriu.
— Não vai me dar bom-dia?
— Estou pensando no assunto — eu disse.
— Bom, pelo menos você conseguiu sair da cama.
— Foi preciso muito esforço.
— Por que meninos precisam dormir tanto?
— Somos bons nisso. — Ela riu da resposta. — Mas eu não
estava dormindo. Estava ouvindo “La bamba”.
— Richie Valens — ela disse baixinho. — Tão triste.
— Igual Patsy Cline.
Ela concordou com a cabeça. Às vezes, quando a flagrava can-
tarolando aquela música, “Crazy”, eu abria um sorriso. Era como
se compartilhássemos um segredo. Minha mãe tinha uma bela
voz.
— Acidentes de avião — ela murmurou. Acho que estava falan-
do mais para si mesma do que para mim.
— Talvez Richie Valens tenha morrido jovem… mas pelo menos
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ele fez alguma coisa. Quer dizer, ele realmente fez alguma coisa. E
eu? O que eu fiz?
— Você tem tempo — ela disse. — Ainda tem muito tempo.
Eterna otimista.
— Bom, primeiro é preciso virar gente — eu disse.
Ela fez uma cara engraçada.
— Tenho quinze anos — completei.
— Sei quantos anos você tem.
— Com quinze anos você ainda não é considerado gente.
Minha mãe riu. Ela era professora de colegial. Eu sabia que em
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