II.1.3. A METODOLOGIA
A parte do curso dedicada à observação do céu, foi desenvolvida de acordo
com o seguinte procedimento:
- No início de cada aula era feito o relato e discussão das observações e
atividades desenvolvidas em casa durante a semana anterior (o que havia sido
observado, quais as dificuldades encontradas, dúvidas suscitadas etc.) e
distribuídos os roteiros de atividades para casa a serem realizadas ao longo da
semana seguinte.
- Em algumas noites propícias, durante o horário de aula, foram
desenvolvidas algumas práticas de reconhecimento do céu (localização de
planetas, estrelas, constelações, da posição da Lua e identificação de sua fase,)
ao ar livre no campus da USP, junto ao Instituto de Física, que foram essenciais
sobretudo para o esclarecimento do uso de cartas celestes e para o início do
trabalho de reconhecimento de estrelas, planetas e constelações feito em casa
pelas professoras.
- Os roteiros de atividades para casa obedeciam uma seqüência que visava
uma familiarização gradativa com o reconhecimento do céu, iniciando por aspectos
mais evidentes até os mais sutis, ou seja, começando pelas observações do Sol e
da Lua, depois planetas brilhantes e, finalmente, estrelas e constelações.
- As observações deviam ser anotadas num diário: cada professora possuía
um caderno para registrar suas observações; registro que consistia em anotar a
data e a hora da observação, a identificação do(s) astro(s) e sua(s) posição(ões)
aproximada(s) e um desenho esboçando o que havia sido observado, incluindo um
pedaço do horizonte onde aparecessem algumas referências fixas, como prédios,
postes etc.
- No meio do curso e no seu final foram recolhidos os cadernos para um
acompanhamento, por parte dos coordenadores, do trabalho desenvolvido pelas
professoras.
- Foi programada uma visita a um observatório astronômico (no caso, ao
Instituto Astronômico e Geofísico da USP), para permitir um contato das
professoras com a astronomia observacional com uso de instrumentos.
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Para o desenvolvimento da segunda parte do curso, correspondente aos
módulos que eram trabalhados em sala de aula, foi adotada uma metodologia que
buscava confrontar as concepções prévias das professoras com resultados e
conclusões obtidos em atividades desenvolvidas em grupo, utilizando modelos
tridimensionais, feitos com material de baixo custo, e um texto de apoio. Buscava-
se também articular momentos de trabalho individual e coletivo: começava-se e
terminava-se com o trabalho de resposta individual ao mesmo questionário, acerca
de pontos essenciais do tema abordado, intermediado pelas fases de realização
de atividades em grupo e de debate envolvendo todos os grupos e os
coordenadores. Mais especificamente, as etapas seguidas em cada módulo foram
as seguintes:
1. Inicialmente era distribuído um questionário que buscava explorar os
pontos essenciais do tema a ser abordado (veja apêndice B), o qual era
respondido individualmente, pelas professoras, antes de qualquer atividade, de
acordo com as suas concepções prévias. Nesta etapa, o objetivo era conscientizar
as próprias professoras acerca das suas concepções iniciais e permitir aos
coordenadores um levantamento acerca delas.
2. Formavam-se grupos de no máximo quatro professoras e era distribuído
um roteiro de atividades, geralmente acompanhado de um texto de apoio, com
base no qual eram desenvolvidas as atividades do módulo, geralmente utilizando
modelos tridimensionais, feitos com material de baixo custo (bolas de isopor,
lâmpadas, fios, alfinetes etc.), de fácil reprodução pelas professoras, durante o
qual, geralmente, pedia-se que fossem respondidas mais algumas perguntas. Ao
final, o grupo deveria responder novamente, em conjunto, ao mesmo questionário
inicial
−
momento muito rico em que ocorria tanto a discussão e o confronto com
os colegas do grupo como consigo próprio, através da comparação de sua
resposta inicial com o que se pensava depois do que havia sido aprendido através
da atividade.
3. O coordenador promovia então um debate com toda a turma, pedindo
que, num sistema de rodízio entre os grupos, um grupo começasse dando a sua
resposta à primeira pergunta do módulo (inclusive registrando os casos de
opiniões divergentes dentro do próprio grupo) e, em seguida, expondo esta
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resposta a uma crítica por parte de todos os demais grupos e do próprio
coordenador. Qualquer outro grupo que tivesse dado um resposta diferente era
então convidado a apresentar a sua resposta, a qual, por sua vez, era submetida à
crítica dos demais grupos e do coordenador. Seguia-se com este procedimento até
esgotarem-se todas as perguntas do módulo.
4. Cada professora deveria responder novamente, individualmente, no seu
caderno do curso, a todas as perguntas do módulo, após participar do debate com
os demais grupos e o coordenador, na fase anterior. A intenção aqui era que a
professora elaborasse a sua síntese pessoal acerca das questões trabalhadas e
reiteradamente discutidas no módulo. Esta etapa tanto podia ser realizada na
própria sala de aula ou, como geralmente ocorria, por uma questão de tempo, em
casa.
Com o propósito de também auxiliar no levantamento das concepções
iniciais das professoras com relação ao céu, ao universo e ao ensino da
Astronomia, nos primeiros dias de aula solicitamos a elas que respondessem a um
questionário inicial (veja apêndice A) e que realizassem desenhos livres do céu e
do universo, acompanhados de descrições. No final do curso solicitamos mais
desenhos acompanhados de descrições. No primeiro dia também foi feita uma
rodada oral a respeito das expectativas das professoras com relação ao curso.
131
II.
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