CAPÍTULO II
O UNIVERSO DOS PROFESSORES
Após a discussão, no capítulo precedente, das representações de universo
das crianças e pré-adolescentes, na faixa etária do ensino fundamental, neste
capítulo abordaremos as representações de universo dos professores deste nível
de ensino. Buscaremos, desta forma, complementar a visão anterior
−
que nos
informou acerca do conteúdo e natureza das representações infantis sobre o
universo
−
com um levantamento das noções apresentadas pelos professores.
Como referimos na introdução, nossa investigação sobre as concepções
dos professores foi feita a partir de dados colhidos durante o curso de extensão
“Astronomia no 1
o
Grau”, realizado no IFUSP, no final de 1995 e início de 1996.
Esclarecemos novamente que, neste trabalho, no recorte que nele utilizamos, o
objeto de nossa investigação foi apenas as concepções iniciais dos professores, a
sua visão de universo anterior ao curso. Alguns resultados finais obtidos em
decorrência do curso serão citados apenas como subsídio à discussão acerca de
indicação de possíveis rumos para o ensino de Astronomia no ensino fundamental,
que será feita no último capítulo, na seção III.2.
Iniciaremos o presente capítulo fazendo uma breve descrição do curso
“Astronomia no 1
o
Grau” e dos instrumentos e metodologia utilizados na coleta dos
dados. Na segunda seção, apresentaremos os principais resultados acerca das
concepções dos professores obtidos a partir da análise desses dados. Na terceira,
discutiremos a questão da concepção do ensino como um processo de mera
“transmissão de conhecimento”, pois uma questão que sobressaiu durante nossa
pesquisa foi o uso reiterado de certos chavões, repetidos de maneira padronizada
pelos professores, merecendo assim um destaque especial na discussão dos
resultados. Na quarta, abordaremos a questão da representação do espaço pelos
professores, que foi outro ponto que também destacou-se em nossa análise, pois
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percebemos que a natureza dessa representação, em grande parte
qualitativa/topológica, em diversos momentos era decisiva na construção do
conhecimento dos professores. Na quinta e última seção, fechamos o capítulo com
uma discussão acerca da natureza do conhecimento dos professores, com base
nos resultados que apresentamos nas seções anteriores.
Ao longo deste capítulo, inúmeras vezes iremos nos referir aos professores
de nossa amostra como “professoras”, no feminino, pelo bom motivo de que a sua
esmagadora maioria era deste sexo. No curso que promovemos esteve envolvido
um único professor, que freqüentou apenas as primeiras aulas. Reservaremos o
uso do termo “professores”, no masculino, mais para situações em que estivermos
nos referindo aos professores do ensino fundamental de um modo geral.
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