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Cris (8 anos) faz coisa semelhante: na 1
a
etapa ela trabalha com a massa
de modelar de maneira bidimensional, construindo objetos planos e dispondo-os
sobre uma folha de papel à semelhança de um desenho. A sua representação
de Terra é, como no caso de Gab, a de uma paisagem vista da superfície da
Terra: faz uma árvore, um arco-íris, um Sol com uma cara sorrindo, nuvens
azuladas, um passarinho, uma flor e, no pé da página, um chão feito com
massa marrom. Seu desenho da Terra, na 2
a
etapa, praticamente repete esta
representação, sendo novamente uma paisagem da superfície da Terra, desta
vez incluindo também uma pessoa (veja fig. 1(b)).
É importante notar que tanto Gab quanto Cris, embora nas duas
primeiras etapas da entrevista tenham dado evidências inequívocas de uso de
uma representação de Terra do tipo “Terra plana”, na terceira etapa, ao
escolher o modelo de isopor, ambos escolhem uma bola para representá-la. Ou
seja, ambos apresentam não apenas a noção de que a Terra é plana, mas
também de que ela é uma bola. Quando questionados pela entrevistadora se
estas duas Terras são a mesma, Gab respondeu que sim, mas não soube
explicar porque; já Cris encontra uma solução: segundo sua resposta as duas
Terras não são iguais:
“A redonda é a Terra que fica no céu e a outra a que fica
aqui embaixo…”, formulando assim a concepção de uma “Terra dupla”, que a
seguir discutiremos.
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