partida, a visão mais primitiva e próxima do pólo do realismo ingênuo. Devido à
sua proximidade com a noção de “chão” (embora também inclua o céu que é
visto do chão), por vezes denominamos a esta concepção de uma Terra plana
de “Terra-chão”.
Exemplos claros de uso deste tipo de representação da Terra são dados
por algumas das crianças mais jovens:
Na 1
a
etapa da entrevista, quando pedimos a Gab (7 anos) para fazer a
Terra com massa de modelar, ele apanha um bastão verde escuro, amassa-o
entre os dedos e contra a mesa, formando uma placa, depois, apanhando mais
massinha faz uma árvore de tronco escuro e copa verde-claro que procura
colocar de pé sobre a placa. Após, com mais massa de modelar, ele constrói
um homem e também o coloca de pé sobre a placa verde-escuro. Tanto a
árvore como o homem foram feitos por Gab de maneira “bidimensional”, apenas
esboçando seu contorno ou grudando placas planas, umas sobre as outras, por
isso eles não se sustentam muito tempo quando colocados em pé sobre a
placa, mas sua intenção não deixa dúvidas: representar a Terra como sendo
uma placa plana sobre a qual existem árvores e pessoas. Na 2
a
etapa da
entrevista, quando pedimos a Gab que desenhe a Terra, seu desenho é o de
uma paisagem da superfície da Terra, com uma casa, uma árvore, nuvens de
contorno azul e o Sol em um dos cantos da folha. O chão é representado por
um contorno verde cheio de pontas, representando a grama (veja fig. 1(a)).