Teologia e Espiritualidade • vol. 5 • n
o
09 • Curitiba • Jun/2018 • p. 107-126
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Fillion diz que Jesus não foi tentado como um homem comum,
mas como Messias.
A maioria dos judeus de então haviam desfigurado, de
forma torpe, o santo e celestial retrato que os profetas
tinham traçado do Messias, até torná-lo completamente
terreno e desconhecido. O libertador que os judeus
esperavam, na concepção deles, deveria aparecer de forma
teatral, realizando “estrondosos” milagres, a fim de louvar
sua vaidade pessoal, ou a de seu povo, e manifestar-se
como rei poderoso, cujo império universal não seria
suficiente para satisfazer sua ambição. (FILLION, 2008, p.
320-321)
Essa era a imagem do Messias distorcido que Satanás queria que
Jesus realizasse ao tentá-lo em suas três investidas. “Um messias pela
graça de Satã”. A cada ataque repelido de Jesus, mais próximo do
matadouro ele se encontrava. (FILLION, 2008, p. 320-321)
A resposta de Jesus foi precisa, e novamente Ele faz uso exclusivo
das próprias escrituras e rebate o sofisma de Satanás ao citar
Deuteronômio 6:16, onde se refere exatamente a Massá.
“Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor
teu Deus” (Mat 4:7).
“Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor teu
Deus”. (Lc 4:12).
Em Deuteronômio 6:16, Moises se referia ao que ocorrera na
passagem de Israel pelo deserto, registrada em Ex. 17.1-7, onde o povo
prestes a se rebelar, manifestara seu desejo de voltar ao Egito se Moisés
não lhe fornecesse água. Nesta ocasião o povo havia testado a Deus
dizendo. “Está o Senhor no meio de nós, ou não? O propósito a que
Jesus se destinava era o cumprimento da missão dada por seu Pai,
mesmo que isso lhe compelisse o sofrimento e morte (como realmente
aconteceu).
Tenney apresenta sua interpretação política desta passagem das
tentações, e a classifica como “busca de prestígio por meios ilícitos”.
A terceira tentação, que oferecia a Jesus o prestígio, e
consequentemente uma espetacular manifestação de
poder, correspondia à política de propaganda das
Análise das tentações de Cristo no deserto. ISSN 2316-1639 (online)
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