Teologia e Espiritualidade • vol. 5 • n
o
09 • Curitiba • Jun/2018 • p. 107-126
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A cidade santa que se refere o texto é Jerusalém, o mesmo local
onde a “Shekinah!” – a nuvem resplandecente - símbolo da presença
gloriosa de Deus se manifestou no passado. Agora Satanás coloca Jesus
em seu pináculo (GIOIA, 1969 p.53).
Jerusalém era a sede política e religiosa da Palestina, e o Templo
era o centro religioso, o local sagrado onde o povo esperava a chegada do
Messias (Ml 3.1). O Templo era um dos prédios mais elevados, e o
pináculo provavelmente era a parte que se projetava para fora da colina
(RIBAS, 2009 p. 32).
Gioia diz que essa ação poderia ser real ou pela imaginação, e se o
Messias tentasse fazer, seria um feito glorioso, onde ao se jogar nada
aconteceria, assim o povo em baixo poderia aclamá-lo como Messias.
Diferente da primeira tentação que pretendia fazer com que a
desconfiança em Deus nascesse na mente de Jesus, a segunda, ao
contrário, colocava Jesus na posição de confiança presunçosa de que
Deus o protegeria (GIOIA, 1969 p.53). Neste caso o ego e a glória carnal
suplantaria a missão sacrificial pelo qual Jesus tinha consciência que
deveria passar.
Satanás foi astuto e mentiroso, usou parte da Escritura fora de seu
contexto, desta forma deslocou a ideia original que dizia sobre a vida de
obediência e confiança de Jesus para com Deus em todos os seus
caminhos. “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te
guardarem em todos os teus caminhos”. (Salmos 91:11). Caminhos estes
que refletiam a total obediência ao Pai, não caminhos de caprichos
pessoais. Gioia diz que Jesus percebera que Satanás estava tentando-o a
cair no mesmo pecado que o povo de Deus caiu em Massá. O povo
havia duvidado da presença de Deus no meio deles para protegê-los,
sustenta-los e guia-los (GIOIA, 1969 p.53). Segundo o comentário da
Bíblia King James, esse método de omissão de parte do texto Bíblico
para se ajustar aos intentos do interlocutor, usado por Satanás, tem se
repetido por muitos séculos, na criação e desenvolvimento de inúmeras
seitas heréticas. (BÍBLIA KJA, 2012, p. 1753)
O Comentário do Novo Testamento da CPAD, diz que Satanás
distorcendo as Escrituras queria fazer parecer que Deus protegeria
qualquer pessoa, mesmo que este desafiasse as leis naturais. O Salmo em
seu contexto descreve a proteção de Deus aos servos em perigo, não a
situações criadas artificialmente por cristão que desejam testar Deus.
(RIBAS, 2009 p. 32)
Análise das tentações de Cristo no deserto. ISSN 2316-1639 (online)
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