Teologia e Espiritualidade • vol. 5 • n
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09 • Curitiba • Jun/2018 • p. 107-126
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Satanás iria atacar Jesus em outros momentos registrados nos
Evangelhos: por meio de pessoas, por meio dos seus inimigos, e até
pelos seus discípulos, culminando no Guetsêmane e na Cruz, quando
Jesus declara sua vitória na consumação. (GIOIA, 1969, p. 54)
Tenney ao interpretar a tentação a qual o Diabo levou Jesus a um
monte bem alto, estabelece novamente sua visão política dos fatos
ocorridos, interpreta como sendo “a aquisição de poder”. O poder
envolvia a adoração ao Estado por meio de seu imperador.
Quando Satanás pediu a adoração de Jesus como o preço
do império mundial, Ele se recusou, Não poderia haver
qualquer acordo entre o reino deste mundo e o Reino de
Deus, do qual só Ele pode ser o soberano. (TENNEY,
2010 p. 182)
Segundo Tenney, “o ministério de Jesus foi, portanto, uma reação
contra o autoritarismo e clima materialista que a política de Roma criara”
(TENNEY, 2010, p. 182). Essa visão exclusivamente política temporal
do ministério de Jesus não configura o padrão de uma análise que tenha
o método gramático-histórico em suas interpretações bíblicas.
2. ANÁLISE CONSTRUTIVA DOS SINÓTICOS
A segunda tentação citada por Mateus, em Lucas ela é narrada
sendo a terceira. Gioia diz que essa diferença não representa
discordância na semântica textual. Visto que ambas foram inspiradas pelo
Espírito Santo, a importância se encontra no fato em si e não em sua
ordem. (GIOIA, 1969, p. 53)
Na citação do texto de Deuteronômio 6:16 por Cristo em Mat
4.7 aparece a frase “Não tentareis o Senhor vosso Deus”, porém sem sua
continuidade, “como o tentastes em Massá”. Jesus ateve-se somente ao
mandamento excluindo a referência de localização do versículo, dando
ênfase ao que interessava declarar, o fundamento do qual Satanás
conhecera muito bem, porem buscava enganar a Jesus.
Dos três evangelhos sinóticos, Mateus é o evangelho que mais dá
informação sobre a passagem da tentação de Cristo. Feine citado por
Mauerhofer ao se referir a Mateus diz que:
Análise das tentações de Cristo no deserto. ISSN 2316-1639 (online)
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