ANÕES DE JARDIM, OBJETOS DO MAL E O LUGAR DE NÃO-COLEÇÕES
Marize Malta / Universidade Federal do Rio de Janeiro
Simpósio 1- A arte compartilhada: coleções, acervos e conexões com a história da arte
Anões de jardins de vários tempos e lugares. Da esquerda para direita:
1) anão do século XIX, cópia baseada em peça do escultor Kimmel Gnomes, Black Hills,
Estados Unidos; 2) anão à venda na loja Artesanato L K Rangel, em Rio Bonito, estado do Rio
de Janeiro; 3) anão com sapo, disponível na loja Jardinière Pasero, sul da França; 4) anão
despedaçado, acervo do Museu dos Relacionamentos Desfeitos, Zagreb, Croácia.
Não só os objetos belos ou já enquadrados como artísticos ou fruto do trabalho
de artistas merecem atenção dos historiadores da arte. Se desejamos
ultrapassar fronteiras, dissolver limites disciplinares e perseguir outras histórias
da arte (após o seu suposto fim (BELTING), deveríamos enfrentar outros
objetos e formas de abordá-los, como alguns cujos estudos são normalmente
direcionados para outras disciplinas ou se encontram sem lugar de estudo
estabelecido, sob efeito das condições de um nomadismo disciplinar. Essa
abertura tem sido possível a partir de diálogos da história da arte com outros
campos de estudo, como a cultura visual e a antropologia.
Temos insistido em destacar objetos qualificados pelo senso comum como
extraordinários, falsos, anômalos, feios, fantasiosos, que ameaçam, causam
riso, espanto, asco, horror ou indignação. Podem também ser triviais e
corriqueiros, mas são igualmente inesperados nas narrativas da história da
arte. Para reunir tanta diversidade de coisas que possuem em comum uma
rejeição pelos historiadores da arte, denominamos esses objetos de objetos do
mal (MALTA, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014).
Nesse caminho, considerar lugares normalmente não contemplados pelas
histórias da arte permite também ampliar as percepções sobre os objetos
(artísticos, decorativos, votivos, etc.)(do bem, do mal), pois muitos dos juízos
de valor a eles atribuídos têm relação intensa com o lugar em que estão
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