TRADUÇÃO DA ELEGIA DE RABI ABRAHAM IBN EZRA (1092-1167)
SOBRE A TOMADA DE LISBOA PELOS CRUZADOS
Elegia n.º 96 do Manuscrito hebraico: “Iluminado n. 3” da Biblioteca Nacional, completada e corrigida, de alguns erros de copista, por outra versão da mesma poesia, publicada numa colectânea de poemas do mesmo autor.
KINA (1) de Rabi Abraham Ibn Ezra - Bemdita seja a sua memória!
Ai de mim! Abateu sobre Sefarad (2) a maldição do céu,
Grande é o luto que desabou sobre o Ocidente. Eis porque as minhas mãos caíram (3)
E de meus olhos, de meus olhos brota água ... (4).
Como fontes choram meus olhos, pela cidade de ULISSANA (5)
Sem mágoa e em sossego, ai vivia a Nação exilada (6)
Livre de perseguições, até o ano Mil e setenta (7)
Um dia porém, transtornou-se a Nação (8), que ficou como viúva:
Sem Torá (9) e sem Mikrá (10), a Michná (11) escondida,
E o Talmud (12) ficou ermo, por carência de discípulos.
Houve assassinatos, e gente esfomeada a gemer por toda a parte,
A casa das orações e louvores, foi vilmente profanada,
E gente estranha, hoste feroz (13), rasgou de Deus a lei verdadeira.
Eis porque choro, abato as mãos, e a minha boca brada lamentações,
Pois não há ninguém tão aflito, que, como eu, grite:
Quem me dera que a minha cabeça se desfaça em agua!
Ai de mim Abateu sobre Sefarad a maldição do céu,
Grande é o luto que desabou sobre o Ocidente. Eis porque as minhas mãos caíram,
E de meus olhos, de meus olhos brota agua... (14).
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