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conversionista, de “conquistar almas para Cristo”, ou seja, proselitista. Posteriormente,
principalmente depois da 1ª Guerra Mundial, cristãos de todo mundo começaram a se
preocupar de forma mais sensível com a realidade sociopolítica, como fonte de tantas
tragédias e sofrimentos. O conceito de responsabilidade social dos cristãos ganha corpo e
consistência teológica, passando a ser motivação central das principais organizações
internacionais
do mundo protestante, como a FUMEC,
e logo depois, o CMI.
A segunda fase da UCEB é marcada pela recepção dessas novas motivações
teológicas. Esdras Borges Costa destaca que uma das marcas da UCEB era o seu cuidado
pastoral. Portanto, não é demais afirmar que Jorge César Mota e Richard Shaull foram de
grande inspiração para o movimento. De fato, Mota deu importante contribuição para a
consolidação da perspectiva teológica de responsabilidade social na UCEB, sendo uma
espécie de âncora do movimento.
A terceira e última fase da UCEB foi marcada pela ênfase na ação
sociopolítica. A descoberta da política como espaço privilegiado do testemunho cristão
deveu-se tanto às novas influências teológicas emanadas do movimento ecumênico como da
prática existencial dos jovens estudantes, motivados pelo novo momento vivido pelo país.
Ambas as influências marcaram decisivamente a vida da UCEB, colocando-a em
sintonia com
a atmosfera de transformação experimentada pela sociedade brasileira. Essas três dimensões
apresentadas, ou seja, a piedosa, a social e a política estiveram presentes nos perfis dos
estudantes que compunham a UCEB, resultando daí uma piedade social ou mesmo uma
piedade política. Serão fundamentais neste capítulo os registros encontrados no arquivo
pessoal de J. C. Mota. De igual modo, as entrevistas com os remanescentes,
a autobiografia de
Shaull: “
Surpreendido pela Graça”, assim como periódicos, artigos em revistas, cartas,
depoimentos e obras secundárias de aporte teórico.
Um último objetivo desta dissertação será pontuar algumas evidências que
ajudarão a responder à inquietante pergunta sobre o alijamento da UCEB. Na década de 1940,
a UCEB passou a ser marcada pelo inconformismo e a contestação diante do injusto quadro
social brasileiro. Por isso, os jovens de várias denominações protestantes que não
encontravam respostas às suas inquietações nos espaços destinados ao estudo da Bíblia nas
igrejas, buscavam apoio e sentido nos grupos de estudos deste movimento. Além desse
aspecto, a UCEB sempre promoveu o diálogo ecumênico. Inclusive, na sua fase mais
politizada, a aproximação com a JUC e com os dominicanos se caracterizou como uma ação
de vanguarda. O ecumenismo, após a década de 1970, tem nessa iniciativa da UCEB a sua