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Recensões bibliográficas
dentro duma perspectiva teórica, analisando como a ideia de «estrutura social»
está intimamente ligada à vivência concreta do historiador e da sociedade
em que se encontra mergulhado. José Fernandez Ubina comentou o tema da
exploração dos escravos segundo o pensamento de Karl Marx. E este conjunto
de comunicações predominantemente teóricas completa-se com o discurso
de G. Bravo acerca dos conceitos «relações de classe», «classes sociais», «conflitos».
O estudo de Joseph Padro I Parcerisa — sobre a mudança de estruturas
introduzidas pelos Ptolomeus no Egipto — está um pouco isolado do contexto
dos trabalhos apresentados, pois que nos é possível agrupar as restantes
comunicações em torno de três temas gerais: 1) a aplicação concreta dos con
ceitos discutidos; 2) análise de fontes literárias; 3) aspectos da romanização
na Península Ibérica.
Pertencem ao primeiro grupo: a tese de M. C. Die Goyanes acerca da
plebe na República Romana; as exposições de A. Lozano e de J. M. Blazquez
sobre as revoltas de escravos; as sínteses de A. del Castillo e R. Teja a propó
sito, respectivamente, do regime matrimonial dos libertos e da situação dos
honestiores e humiliores no Baixo Império.
Três autores são analisados de um prisma social: Esquilo, por J. C.
Bermejo Barrera (parentesco na Grécia antiga); Apuleio, por M. J. Hidalgo
(organização social e económica); e Amieno Marcelino, por N. Santos Yanguas
(polícia secreta no Baixo Império Romano).
Colóquio organizado na Península Ibérica, não poderia deixar de ter
espaço relevante (p. 141-268) para a História Antiga peninsular, que foi
abordada nos mais variados aspectos: classes dominantes entre os Iberos
(A.
Ruiz
Rodriguez);
escravatura
comunitária
na
Bética
pré-romana
(J. Mangas); a ocorrência do antropónimo Ambatus e seu significado
(M. Sevilla); a relação campo-cidade e a organização social na Celtibéria
Ulterior (J. Rodriguez Blanco); estruturas étnico-sociais na Cantábria (J. M.
Iglésias Gil); os Astures sob o domínio romano (M. Pastor); a nomenclatura
da população municipal na Hispânia romana (J. F. Rodriguez Neila); os
seviros e o seu dinamismo na Catalunha do Alto Império Romano (J. Pons
Sala); as formas religiosas na Hispânia Citerior (A. Prieto); magistrados
municipais na Lusitânia (J. Francisco Martin); a força do trabalho «durante
a Antiguidade tardia» (L. A. Garcia Moreno); a política anti-judaica dos
Visigodos no séc. vn (L. Garcia Iglésias).
Há, pois, ampla panorâmica, a justificar um grande louvor aos organi
zadores do Colóquio por tão rapidamente terem publicado estas actas. Cada
comunicação foi e continuará a ser, sobretudo agora que atingiu um público
mais vasto *— ponto de partida para novas achegas, constituindo elas próprias
etapas importantes no domínio de investigação dos respectivos autores.
A Epigrafia serviu de fonte histórica primordial nos estudos de A. Sevilla,
Iglésias, Pastor, Rodriguez Neila, Pons Sala e F. Martin. A. Sevilla procurou
definir etimológicamente o antropónimo Ambatus, situando-o geográfica
e socialmente; não teria sido má ideia a inclusão dum mapa de distribuição
com a respectiva bibliografia para mais facilmente nos «encontrarmos».
Conimbriga, 19 (1980), 173-207
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