Palavras-Chave: Ensino de Química; História e
Filosofia da Ciência; Teoria Atômica
Introdução
Nas últimas décadas, a utilização da abordagem
Histórico-filosófica da Ciência (HFC) vem sendo amplamente
defendida na área de educação em ciências, por se considerar
que esta é capaz de contribuir para uma melhor compreensão
da ciência e da atividade científica como uma construção
humana, bem como, dos fatores que influenciam sua construção
(PEDUZZI, 2001; QUINTANILHA et al, 2008; MARQUES, 2010).
Martorano e Marcondes (2012) também argumentam que um
ensino com essa abordagem possibilita uma compreensão
sobre:
(...) o processo de construção das teorias científicas
pelos cientistas, o papel da comunidade científica na
aceitação ou rejeição destas teorias e o processo da
troca de uma teoria por outra (MARTORANO E
MARCONDES, 2012, p. 30).
Muitos destes aspectos estão diretamente relacionados
aos fatores externalistas da ciência, aqueles que correspondem
às influências do contexto de construção da Ciência. De acordo
com Martins (2000), o estudo do contexto social em que a
ciência se desenvolveu é fundamental para desmistificar alguns
mitos acerca dos cientistas e de seu trabalho. Todavia, há falta
de abordagem desses fatores nos livros didáticos. Nesse
sentido, Loguercio e Del Pino (2006) argumentam que, nas
abordagens voltadas para o ensino de química, há uma
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escassez de recursos históricos e, quando estes aparecem, dão
ênfase aos fatores internos, aqueles intrínsecos à própria
ciência. Nesses casos, apresentam comumente alguns fatos
isolados da vida de determinados cientistas, alijados de uma
discussão mais ampla, reforçando visões distorcidas sobre a
ciência e o fazer científico.
Tendo em vista esta lacuna, e com o objetivo de
demonstrar que, ao longo da construção das diferentes teorias
atômicas, predominou um determinado Estilo de Pensamento,
apresentamos a abordagem desses dados históricos a partir do
referencial teórico epistemológico de Fleck (2010). Tal
abordagem possibilita uma compreensão da ciência que
contempla fatores externalistas como o contexto e as relações
entre esses cientistas que contribuíram para a edificação de um
Estilo de Pensamento daquele coletivo . Sangiogo e Marques
(2012) corroboram esta percepção quando argumentam que, na
abordagem fleckiana, “o conhecimento não pertence a um
indivíduo, mas a um coletivo; trata-se de um produto social que
na historicidade evolui” (p. 9).
Sendo assim, considerando a abordagem HFC, o
presente artigo busca apresentar uma leitura da história do
desenvolvimento da teoria atômica, tendo por base a
compreensão de Fleck para explicar a influência do Estilo de
Pensamento de determinada comunidade científica, na
construção da teoria atômica, ao longo do recorte histórico de
Dalton a Bohr.
Lembrando que, neste artigo, vamos focar a nossa
análise na fase de transformação do Estilo de Pensamento, pois,
no recorte histórico, a que se refere este trabalho, a teoria
atômica já estava consolidada e era, constantemente, estudada
por pesquisadores contemporâneos e anteriores a John Dalton.
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