tat boy boogie-woogie. / ‘Cause it’s sit to came out.”
para nós ao dotar cada ser humano de seu próprio e único gênio criativo.
A palavra
gênio vem do latim
genius.
Os romanos usavam-na nua
designar um espírito interior, sagrado e inviolável que nos protege, guiando-
nos para nossa vocação. Um escritor escreve com seu gênio; um artista pinta
com o seu; todo aquele que cria o faz a partir deste centro sagrado. É a
morada de nossa alma, o receptáculo que abriga nosso ser potencial, é o
nosso farol, nossa estrela polar.
Todo sol lança uma sombra e a sombra do gênio é a Resistência. Por mais
forte que seja o chamado de nossa alma para a realização,
igualmente
potentes são as forças da Resistência reunidas contra ele. A Resistência é
mais rápida do que o projétil de uma arma, mais poderosa do que uma
locomotiva, mais difícil de renegar do que cocaína. Não estaremos sozinhos
se formos dizimados pela Resistência: milhões
de mulheres e homens bons
foram derrubados antes de nós. E o pior é que nem ficamos sabendo o que
nos atingiu. Eu nunca soube. Dos 24 aos 32 anos, a Resistência me jogou
treze vezes da Costa Leste para a Oeste e novamente para a Leste e eu nem
sequer sabia de sua existência. Procurava o inimigo em toda parte e não
conseguia vê-lo bem diante de mim.
Você provavelmente Já ouviu a história:
mulher fica sabendo que tem
câncer, seis meses de vida. Em poucos dias, pede demissão do trabalho,
retoma seu sonho de compor canções
Tex-Mex que abandonou para cuidar da
família (ou começa a estudar grego clássico
ou muda-se para a cidade e
dedica-se a cuidar de bebês com AIDS). Os amigos da mulher acham que ela
enlouqueceu; ela mesma nunca se sentiu mais feliz. Há um pós-escrito: o
câncer da mulher começa a regredir.
É necessário tudo isso? É preciso encarar a morte para nos levantarmos e
confrontarmos a Resistência? É preciso que a Resistência aleije e desfigure
nossas vidas para despertarmos para a sua existência? Quantos de nós se
tornaram bêbados e viciados, desenvolveram tumores e neuroses sucumbiram
a analgésicos, mexericos e uso compulsivo do telefone celular, simplesmente
por não fazer "a aquilo que nossos corações, nosso génio interior, nos impele
a fazer? A Resistência nos derrota. Se amanhã de manhã, por algum passe de
mágica. Toda alma atordoada e ignorante acordasse com o poder de dar o
primeiro passo para ir atrás de seus sonhos, todo psiquiatra na lista telefônica
fechasse as portas do consultório. As prisões se esvaziariam. As indústrias de
bebidas alcoólicas e de cigarro iriam à falência, assim como os negócios de
comida pronta de má
qualidade, de cirurgia cosmética e de programas de
entretenimento “instrutivos” na TV, sem mencionar indústrias farmacêuticas,
hospitais e a profissão médica de alto a baixo. Os maus-tratos domésticos se
extinguiriam, assim como o vício, a obesidade, enxaquecas, fúria no trânsito
em caspa.
Olhe no fundo do seu coração. A menos que eu seja louco, neste mesmo
instante uma vozinha fraca está sussurrando,
dizendo-lhe, como já fez
milhares de vezes, qual é a vocação que é sua e apenas sua. Você sabe.
Ninguém tem que lhe dizer. E a menos que eu seja louco, você não está mais
perto de tomar uma atitude em relação a ela do que estava ontem ou estará
amanhã. Acha que a Resistência não é real? A Resistência o matará.
Sabe, Hitler queria ser artista. Aos 18 anos, pegou sua herança, setecentos
kronen, e mudou-se para Viena para viver e estudar. Inscreveu-se na
Academia de Belas-Artes e posteriormente na Faculdade de Arquitetura. Já
viu algum quadro dele? Eu também não. A Resistência o derrotou. Pode
achar que é exagero, mas vou dizer mesmo assim: foi mais fácil para Hitler
deflagrar a 2ª Guerra Mundial do que encarar uma tela em branco.