PROFISSIONAIS E AMADORES
Os aspirantes a artistas derrotados pela Resistência têm uma característica
em comum. Todos pensam como amadores. Ainda não
se tornaram
profissionais.
O instante em que um artista se torna um profissional é tão memorável
quanto o nascimento de seu primeiro filho. De um golpe, tudo muda. Posso
afirmar com toda certeza que a minha vida pode ser dividida em duas partes:
antes e depois de me tornar um profissional.
Para ser claro: quando digo profissional, não estou me referindo a
médicos
e advogados, aqueles das profissões clássicas. Refiro-me ao
Profissional como um ideal. O profissional em contraste com o amador.
Considere as diferenças.
O amador joga por diversão. O profissional joga para valer. Para o
amador, o jogo é seu passatempo. Para o profissional, é sua vocação.
O amador joga em tempo parcial. O profissional, em tempo integral.
O amador é um guerreiro de fim de semana.
O profissional, durante os
sete dias da semana.
O radical latino da palavra
amador significa ”amar”. A interpretação
convencional é que o amador segue sua vocação
por amor, enquanto os
profissionais o fazem por dinheiro. Não da maneira como eu vejo. Na minha
opinião, o amador não gosta suficientemente do jogo. Se gostasse, não o
praticaria como uma ocupação secundária, um "bico",
diferente de sua
atividade "real".
O profissional ama tanto sua vocação que lhe dedica sua vida.
Compromete-se integralmente.
É isso que quero dizer quando falo em tornar-se profissional. A
Resistência detesta que nos tornemos profissionais.
UM PROFISSIONAL
Certa vez, alguém perguntou a Somerset Maugham se ele escrevia
segundo um horário ou somente quando lhe vinha à inspiração. “Escrevo
apenas quando a inspiração me vem", respondeu. "Felizmente, ela vem toda
manhã às nove horas em ponto."
Isso é ser profissional.
Em termos de Resistência. Maugham dizia: "Eu desprezo a Resistência;
não deixo que ela me desconcentre; eu me sento e faço o meu trabalho".
Maugham acreditava em outra verdade mais profunda: que ao realizar o
mundano ato físico de sentar-se e começar
a trabalhar, ele colocava em
movimento uma sequência misteriosa, mas infalível,
de acontecimentos que
produziam inspiração, como, e a deusa houvesse sincronizado seu relógio
com o dele.
Ele sabia que se a incentivasse, ela viria.