NEARCO – Revista Eletrônica de Antiguidade
2014, Ano VII, Número I – ISSN 1972-9713
Núcleo de Estudos da Antiguidade
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
281
Ao nos basearmos nas duas noções de eternidade apresentadas neste artigo –
neheh e
djet – é possível perceber a monarquia egípcia também como uma
continuidade. Todos os reis se identificavam com Hórus, o que não demonstra um
desapego com o tempo cronológico, mas sim assegura que mesmo com uma superfície
de variação há
o eterno, neste caso definido como
djet e que está representado nas
listas reais. Ao mesmo tempo, o rei deve agir de acordo com protocolos que permitem
que sempre aconteça o que deve acontecer, de maneira cíclica, como na eternidade-
neheh.
Neste sentido, a manutenção da monarquia depende do tratamento correto
dado aos reis ancestrais, que devem ser cultuados e
a quem oferendas devem ser
apresentadas.
A análise da documentação mostra, então, que a sucessão régia estava
fundamentada, antes da existência do mito da realeza divina, na própria sociedade
egípcia, baseada em grupos familiares liderados por um indivíduo que era sucedido no
cargo por seu filho, seu neto, e assim sucessivamente.
De certa maneira, apesar de
aparentemente não haver uma preocupação com a escrita de uma história
cronológica, os documentos comprovam que havia uma inclinação natural, por parte
dos egípcios, de guardar e arquivar
documentos administrativos que, em conjunto,
tornam possível definir uma cronologia para a história do Egito antigo.
NEARCO – Revista Eletrônica de Antiguidade
2014, Ano VII, Número I – ISSN 1972-9713
Núcleo de Estudos da Antiguidade
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