A BELA E A FERA
A partir da história de Gabrielle-Suzanne Barbot
Adaptação e Texto de Fátima Valença
1
Prólogo. música grandiosa cortina se abre no mesmo compasso de costas para a plateia, um
trono de onde um jovem príncipe admira um balé exótico também de costas
e vestidos de
gala, os demais atores compõem a corte real. no fundo do palco, um grande espelho reflete
palidamente a imagem do belo soberano que, antes mesmo do final da música, interrompe a
apresentação dos bailarinos.
BELO: (batendo palmas) Adorei! Adorei! Mas agora chega! Quero ficar sozinho!
CONDE: Mas, majestade! É sua festa de aniversário!
BARAO: Há muita gente lá fora querendo lhe presentear!
DUQUE: Reis, princesas, duques, lordes...
CONDE: (Mimado) Pois que voltem amanhã! Hoje não quero mais ver ninguém!
ELES: Mas, majestade!...
BELO: (Levanta-se ameaçador) Fui claro?
CONDE: (Para duque) Foi claro?
DUQUE: (Para barão) Foi claro?
BARÃO: (Para ninguém) Foi claro?
TRIO: Claríssimo! (Saem fazendo mil mesuras)
BELO: (Sozinho ele torna a sentar e se espreguiça) Ahhh! (Vaidoso) É chato ser rico, bonito e
poderoso! Festa todo dia, presente que não acaba mais, gente me paparicando noite e dia...E
sempre cercado do que há de mais belo nesse mundo: ouro, jóias, mulheres...cada uma mais
linda que a outra! Qual delas escolherei para me fazer companhia esta noite?
A entrada de uma velha andrajosa surpreende o príncipe.
FEIT: Com licença, majestade...
BELO: (Susto) Uaaai! Que diabo é isso?
FEIT: Perdão, majestade...Não era minha intenção assustá-lo.
BELO: Como não? Você assustaria até uma mistura de cobra com sapo! De que inferno você
saiu? E como ousou entrar no palácio do príncipe com esses
trajes imundos e essa cara
encarquilhada e feia?