“Temos uma imagem empobre-
cida da criança que aprende: a
reduzimos a um par de olhos,
um par de ouvidos, uma mão
que pega um instrumento para
marcar e um aparelho fonador
que emite sons. Atrás disso, há
um sujeito cognoscente, alguém
que pensa, que constrói inter-
pretações, que age sobre o real
para fazê-lo seu” (págs. 40-41).
Partimos, portanto, do pressuposto de que
as crianças constroem ideias ou hipóteses
sobre a escrita muito antes de entrar na
escola (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985;
FERREIRO, 1995). Para a teoria da psico-
gênese da escrita, elaborada por Emilia
Ferreiro e colaboradores, essas ideias ou
hipóteses infantis seguem uma ordem de
evolução que parte de uma etapa em que a
criança ainda não compreende que a escri-
ta representa (nota) os segmentos sonoros
das palavras, associando-a aos significados
ou às propriedades dos objetos a que se
referem, até chegar à compreensão de que
escrevemos com base em uma correspon-
dência entre fonemas e grafemas.
Para analisar as escritas espontâneas
infantis, isto é, aquelas que não resultam
de uma cópia ou da reprodução de pala-
vras conhecidas de memória, a teoria da
psicogênese da escrita considera, de modo
geral, as hipóteses descritas no quadro 1:
unidade 03
08
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