C
a p
. 3 – a
p t i d ã o
C
a r d i o r r E s p i r a t ó r i a
: d
i s p o s i ç ã o
p a r a
a
V
i d a
62
com
o passar dos anos, nas mulheres aumenta muito após a menopausa), o
sexo (homens, ao menos até os 65 anos, têm maior chance de desenvolver a
doença) e histórico familiar (quando os pais ou avós foram acometidos pela
doença ou morreram prematuramente em função dela, os riscos são maiores
para seus descendentes diretos).
Outros fatores de risco são
modificáveis, representando o principal foco
da medicina preventiva e da área de saúde pública. Atualmente, considera-se
que os fatores de risco modificáveis, independentes e primários, para a doença
arterial coronariana são:
1. níveis
elevados de colesterol;
2. hipertensão arterial;
3. fumo;
4. inatividade física;
5. obesidade.
Outros fatores de risco incluem diabetes e certas características de perso-
nalidade, como a maneira de reagir a situações de estresse e o comportamento
excessivamente competitivo e agressivo. É importante esclarecer que esses
fatores de risco conseguem explicar somente parte da incidência de doenças
cardiovasculares. Existem outros fatores de risco em estudo e o importante é
lembrar que se trata de uma relação multicausal, dependente de características
herdadas e adquiridas desde a infância. De qualquer modo, a prevenção
ainda
parece ser o meio mais eficaz e menos dispendioso para a questão das doenças
cardiovasculares – as que mais matam no mundo e no Brasil. Em nosso país
ocorreram 349 mil mortes em 2016 em decorrência de problemas cardiocircula-
tórios, principalmente o infarto do miocárdio, segundo a Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC). Isso representa mais de 28% do total de óbitos naquele ano.
Apesar de nem sempre ser fácil, a intervenção sobre estes fatores pode
reduzir significativamente os riscos de doenças cardiovasculares. Mudanças
na dieta, controle de peso e da pressão arterial, não fumar, ter um estilo de
vida ativo, e controle do estresse, são alguns procedimentos preventivos alta-
mente eficazes. Os exercícios físicos
regulares, principalmente aeróbicos, têm
um papel marcante na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares
degenerativas, tendo um efeito direto e independente, e ajudando no controle
do colesterol, da pressão arterial (fatores primários), além de contribuir sig-
nificativamente em casos de obesidade e outros fatores de risco secundários.
63
A
t i v i d A d e
F
í s i c A
, s
A ú d e
e
Q
u A l i d A d e
d e
v
i d A
Cada vez mais torna-se importante a adoção de hábitos preventivos, in-
cluindo a prática regular de exercícios físicos que promovam um funciona-
mento mais eficiente do sistema cardiorrespiratório,
reduzindo os riscos de
desenvolvimento das doenças cardiovasculares. O exame médico preventivo –
incluindo histórico familiar, exame clínico e laboratorial, e eletrocardiograma de
esforço – serve para diagnosticar precocemente casos de anomalias cardíacas e
propensão a problemas cardiocirculatórios. Também podem servir para deter-
minar o nível de condicionamento aeróbico da pessoa avaliada (determinado
pela medida direta ou indireta do
consumo máximo de oxigênio – VO
2
max).
Desde os anos 60, muitos estudos têm demonstrado a associação inversa
da atividade física habitual e da aptidão cardiorrespiratória com a incidência das
doenças cardíacas e a mortalidade por todas as causas. Os resultados de vários
estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado uma relação inversa entre ati-
vidades físicas regulares e doenças coronarianas e mortalidade por todas as causas.
Destacam-se as pesquisas de Morris (o clássico estudo de 1953, com cobradores
e motoristas de ônibus em Londres); Paffenbarger e Lee (em inúmeros
estudos
com ex-alunos da Universidade de Harvard), Leon e Jacobs (na Universidade de
Minesota), Haskell e colaboradores (na Universidade de Stanford), além dos ca-
nadenses Shephard e Bouchard, o grupo sueco do Dr. Astrand e os pesquisadores
finlandeses liderados por Vuori e Oja. Pesquisas muito importantes também foram
desenvolvidas nos anos 80 e 90 no Instituto Aeróbico Cooper, no Texas,
principal-
mente pelo Dr. Steven Blair. Blair utilizou dados de milhares de clientes da Clínica
do Dr. Cooper, mostrando que indivíduos com baixa aptidão cardiorrespiratória
(grupo de menor VO
2
max, medido em testes em esteira ergométrica) apresentavam
um risco significativamente maior de sofrer um infarto do miocárdio e de morrer
precocemente por doenças do coração ou por todas as causas. O mais interessante
nessas pesquisas foi a descoberta de que o simples fato dos indivíduos terem um
nível moderado de aptidão física (medido pelo VO
2
max) era suficiente para reduzir
muito os riscos presentes no grupo de mais baixa aptidão.
Compartilhe com seus amigos: