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dessas adaptações para a performance e a saúde de pessoas em todas as idades.
Por incrível que pareça, todos os esforços científicos têm mostrado aquilo que
o grego Hipócrates afirmara há mais ou menos dois mil anos:
Todas as partes corporais, se usadas com moderação e exercitadas em
tarefas a que estão acostumadas, tornam-se saudáveis e envelhecem
mais
lentamente; se pouco utilizadas, tornam-se mais sujeitas às doen-
ças e envelhecem rapidamente.
Nos últimos 70 anos, observou-se uma série de modificações nas socieda-
des humanas, de magnitude e ritmo sem precedentes,
que fizeram com que a
atividade física passasse a ser estudada como fator de prevenção e tratamento
de inúmeras doenças. Estas mudanças demográficas sociais e ambientais in-
cluíram: (a) a explosão populacional e a urbanização acelerada; (b) o aumento
significativo da expectativa de vida (envelhecimento populacional) decorrente
dos avanços da medicina e melhorias na qualidade de vida em geral; (c) a
inversão nas principais
causas de morbidade e morte, que deixaram de ser as
doenças infectocontagiosas, dando lugar aos processos crônicodegenerativos,
como as doenças do coração, o diabetes e o câncer; (d) a revolução tecnológica,
que fez com que chegássemos à era dos
labor saving devices (mecanismos que
poupam energia muscular), predispondo à inatividade física e ao lazer passivo.
Grandes concentrações urbanas, redução dos espaços livres, máquinas
que nos
poupam esforço e a vida sedentária criaram o cenário ideal para as doenças
associadas à inatividade física, também referidas como
doenças da civilização.
Das mais de 58 milhões de mortes ocorridas em todo o mundo, aproxi-
madamente 63% (36 milhões) podem ser atribuídas às chamadas “doenças
e agravos não-transmissíveis” (DANT), como as referidas na figura a seguir.
Além disso, cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/
EUA), estimam que dois terços das doenças provocadas por causas que pode-
riam
ser evitadas, estão relacionadas a quatro fatores: tabagismo, alimentação
inadequada, inatividade física e consumo exagerado de bebidas alcoólicas.
(OMS – Plano de Ação Global 2013-2014).
No Brasil, dados do Ministério da Saúde de 2014, indicam que as princi-
pais causas de morte também são as doenças do aparelho circulatório (mais
de 340 mil mortes/ano), seguidas das neoplasias (mais de 200 mil mortes/
ano). Em terceiro lugar aparecem as chamadas “causas externas”, principal-
mente homicídios (mais de 59 mil casos/ano) e acidentes de trânsito (mais
de 44 mil mortes/ano). As doenças infectocontagiosas foram a causa de 52
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mil ocorrências, principal causa de morte até meados do século passado no
Brasil. Portanto, também no Brasil, vivemos uma era em que a sociedade
(principalmente o poder público) precisa ampliar
o leque de oportunidades
para favorecer escolhas inteligentes relativas ao estilo de vida que adotamos.
Nessas escolhas, incluem-se os hábitos de atividade física e a diminuição dos
comportamentos sedentários, próprios dessa era de tecnologias cada vez mais
disponíveis e baratas.
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