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Introduzindo a Educação para
um Estilo de Vida Ativo
Em todas as propostas de mudanças é normal que as pessoas resistam, sentin-
do-se inseguras com alterações de
objetivos, conteúdos e estratégias, como as
sugeridas neste capítulo. Afinal, a maioria dos professores de Educação Física
não foi preparada para ensinar conceitos, discutir textos e integrar estes temas
com atividades práticas. A ideia geral tem sido de que a aula de Educação
Física deve ser sempre prática, e esse deve ser um dos objetivos: proporcionar
experiências em atividades físicas diversas. Entretanto, se a Educação Física
existisse apenas para fazer as crianças se exercitarem (a prática pela prática),
então a preparação de profissionais para tal tarefa seria diferente, e não se
justificaria a existência de uma disciplina escolar para tal fim. Se o ensino dos
conceitos básicos sobre atividade física, aptidão física e saúde for considerado
importante nos programas de Educação Física, então serão necessárias mu-
danças nos cursos de graduação, enfatizando mais estes conteúdos e métodos
de ensino. Além disso, deve-se promover o treinamento continuado dos pro-
fessores em atividade nas escolas. O papel das
universidades onde existem
cursos superiores de Educação Física é fundamental, tanto na formação de
novos profissionais quanto na formação continuada daqueles que já atuam
no mercado de trabalho, particularmente nas escolas.
Para começar, é importante aproximar os professores dos níveis funda-
mental e médio de cada região àqueles que atuam nos cursos superiores de
Educação Física. Esta troca de experiências e atualização de conhecimentos é
uma forma importante de revitalizar a profissão. É preciso começar a imple-
mentar mudanças de forma modesta e gradual,
pois o sucesso em pequenos
empreendimentos deverá motivar colegas, pais e alunos para experiências
mais arrojadas. Duas maneiras simples que se mostraram eficazes em expe-
riências anteriores são: (a) promover atividades extracurriculares (com pales-
trantes convidados, por exemplo), para discutir temas de imediato interesse
para alunos e pais sobre atividade física, nutrição e saúde; (b) reorientar os
programas de Educação Física Escolar em vigor, introduzindo informações
simples sobre aptidão física e saúde, sempre relacionadas com as atividades
que estão sendo ensinadas.
Para atingir o ponto onde seja possível ter um semestre inteiro (ou
um ano) dedicado à educação para atividade física e a saúde, é necessário
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convencer
estudantes, pais, administradores e, principalmente, os profes-
sores de Educação Física, de que estes conteúdos são temas educacionais
relevantes. Este processo de mudança deve começar a partir do profissional
atuando nos estabelecimentos de ensino. Decretos e determinações admi-
nistrativas (de cima para baixo) não produzirão os efeitos desejados se não
tiverem o necessário apoio dos professores. Será preciso agir politicamente,
disseminando
a ideia de que, ao contrário do que sempre se acreditou,
exercícios e aptidão física não são algo só para atletas ou indivíduos geneti-
camente bem dotados. As evidências científicas e as propostas curriculares
recentes enfatizam que a promoção da atividade física deve ser para todos,
principalmente para aqueles que mais necessitam. Não se trata de melhorar
performances atléticas agora, mas buscar melhores condições de saúde e
bem-estar por toda a vida.
Um exemplo de organização semestral (ou anual) que tem funcionado
para a primeira série
do segundo grau, adaptado para três aulas de Educação
Física semanais, é o seguinte:
(a) uma aula para introdução teórica de um tema específico do programa
(aula expositiva, palestra por um convidado, vídeo etc.);
(b) numa segunda aula, pode-se ter uma discussão do tema, atividades
de aplicação, pequenos “laboratórios”, ou experiências
com medidas
e avaliação; (por exemplo, a organização de um circuito para trei-
namento de força, a organização de um circuito de exercícios para
realizar em casa etc);
(c) a terceira aula da semana seria destinada a prática de atividades físicas
(esportes, caminhadas, ginástica aeróbica) relacionadas com o tema
apresentado e discutido anteriormente.
Esta organização curricular parece particularmente adequada aos cursos
noturnos, que buscam alternativas viáveis e relevantes para a Educação Física.
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