você, eu estive transbordando sentimentos desgovernados que carnavalizam
meu coração o ano inteiro em clima de paixão e samba.
Nunca entendi como o desamor nos invade do dia para a noite. Ou como
diziam ser possível que fosse amor a qualquer custo e, depois, esquecimento
a qualquer preço. Até que senti na pele a necessidade compondo um
formigamento intenso em mim. Eu precisava de mais do que você tinha a me
oferecer. Eu precisava de mais do que você. Enquanto eu perdesse a razão a
cada sorriso e a coragem a cada afago, seria impossível me desvencilhar de ti.
Se te deixei, entenda, não foi por medo. Mas. por te amar demais. me perdia
em pequenos segredos. Nunca me pareceu certo
que qualquer destino ou
desafeto valesse arriscar quem éramos por completo. Quando for amor, que
seja merecido, não imposto. Que seja dividido, não cobrado. Que seja único,
mas nunca sozinho.
Chega uma hora que a gente tem que ser racional, sabe? Pensar no que vale a
pena insistir e no que vale a dor de perder. Mas a gente nunca quer que isso
seja sobre a gente. A gente quer que o amor supere. A gente insiste em
acreditar que pode passar por cima de tudo, inclusive de nós mesmos. Não
podemos. Aos poucos, descobri o conforto do apreço mesmo à distância. Às
vezes, não deixa de ser amor, mas isso não quer dizer que ainda seja nosso.
Eu aprendi a sobreviver, mesmo naufragando em minhas próprias
inseguranças. Eu aprendi a navegar em repentinas metáforas de coração
aberto, e fazer de todo ponto final um recomeço, mesmo incerto. Eu conheci
alguém no seu lugar que me traz um infinito de
possibilidades e promessas
esperançosas. Conheci alguém que bagunça minha rotina, surrupia minhas
memórias e me arrebata diariamente em puro êxtase. Conheci alguém no seu
lugar para me acompanhar mesmo contra minha vontade. Conheci alguém no
seu lugar chamado saudade.
149º dia
À medida que amadurecemos, fazemos escolhas mais sensatas e nos
cobramos uma estabilidade (emocional, financeira, profissional) inalcançável.
Queremos
ser acerto, correção, direiteza. Endurecemos nossas ideologias e
procuramos, muitas vezes, quem reforce nossas opiniões e não nos acrescente
divergência ou confronto. Até certo ponto, isso pode ser uma mera
compatibilidade de interesses, mas também pode ser pura covardia. Nem
sempre quem julgamos ser a pessoa certa para nós é, de fato,
a pessoa de
quem precisamos.
Estou em constante mudança, travando batalhas internas para me reconhecer
todos os dias. Às vezes, o espelho não reflete o que vejo, me desespero e
busco mais de mim além do que a vista alcança. Talvez você não perceba isso
nas pessoas ao seu redor porque,
assim como eu, cada uma delas tenta
camuflar suas dores com gargalhadas histéricas e abraços prolongados.
Se nós dois não estávamos na mesma página, não havia relação. Se você não
respeitava o tempo que eu lhe pedia, você estava me ancorando. Amor é
complacente mas, sobretudo, empático. Se limitamos nossa capacidade de
compreensão
sobre as necessidades do outro, nos tornamos egoístas.
Fechamos nossos olhos para o infinito que nos preenche por dentro quando,
na verdade, deveríamos nos esforçar para enxergar os valores que caminham
lado a lado com nossas perspectivas, planos e ambições de um futuro a dois.
Cite um casal que apenas por se gostar demais permaneceu em harmonia por
tempo o bastante. Tudo dá certo por um período, mas para uma vida, uma
história e, principalmente, para sempre, o parâmetro é outro. Qualquer um
serve pra quem não sabe o que quer. A pessoa certa nada mais é do que
alguém disposto. Não tem estereótipo e talvez
sequer consiga seguir as
normas de etiqueta à mesa. É aquela pessoa que vai falar algumas bobagens
que nos tiram do sério uma vez ou outra, assim como algumas amenidades
que nos fazem sentir bem. É aquela que vai errar e nem sempre encarar seu
erro de frente, mas vai se importar o suficiente pra tentar consertá-lo. Paixão
acontece, não se explica. Mas o amor é uma decisão. Você escolhe amar uma