mais uma vez aquela esperança, eu só queria acreditar que iríamos superar
isso. Quero dizer, superamos. Mas não juntos. Como explicar para a saudade
que o amor passa arrastado?
Você fez a sua escolha e eu a minha, o problema foi não termos escolhido um
ao outro. Não sei dizer o que foi mais difícil: aceitar que isso era o certo a se
fazer ou que chegamos a essa conclusão juntos. Eu queria que você lutasse
por mim, queria que você deixasse a razão de lado e me dissesse “sim”. Eu
queria não ter pensado sobre tudo, não ter ponderado o certo e o errado. A
vida não é justa,
sejamos francos, por que o amor havia de ser? Eu queria
você, e queria que você me quisesse. Mas tínhamos os pés no chão e as asas
cortadas de outros voos; quanto mais alto se aposta em alguém, maior é a
queda também.
No fundo, tínhamos medo. Sei disso pela forma como meu coração batia
acelerado, golpeado pela adrenalina de me desfazer da única coisa que
aparentemente me fazia respirar. Sei disso porque minhas mãos tremiam em
um impulso desesperado de se manterem longe de você.
Sei disso porque
quando eu vi seus olhos, fugi desgovernadamente para sua boca e pedi por
tudo que mais uma vez ela fosse minha. Ou, quem sabe, que nunca deixasse
de ser.
Às vezes, até acho que te esqueci, mas aí sempre vem alguém me dizer que te
viu. Ou todas as estações do rádio tocam a nossa música. Ou talvez seja coisa
da minha cabeça, sei lá. Então, eu saio, me divirto, conheço algumas pessoas,
ouço o de sempre: “vai passar”. Sei que falam do tempo,
mas imagino que
podia ser de você. Já perdi a conta de quantas vezes prometi a mim que, se
você passasse pela minha vida outra vez, eu te pararia. Eu sei, talvez não
desse em nada, mas quando se tem o coração em frangalhos, nada é a única
coisa que se tem a perder. Não é todo mundo que faz a gente querer tentar de
novo.
Quando eu te vi ontem, não encontrei uma só palavra pra descrever esse
sentimento. Eu quis pular em cima de você, te agarrar, te dizer que mande a
razão à merda porque eu não aguento mais essa saudade, mas tudo que fiz foi
te dizer “oi” à distância com um sorriso bobo na cara. O que pode ser mais
patético? Sempre fantasio com o dia em vou te tratar como ninguém,
perguntar sobre a família,
o trabalho, desejar que dê certo com um novo
amor. Eu podia fazer isso, sério. Mas prefiro não me arriscar, afinal, como
ignorar que foi que você quem me deixou assim? Tenho medo de ouvir que
está muito mais feliz sem mim. Não é egoísmo, não. Ainda é amor, mas
agora mais meu do que seu. Prefiro cuidar do meu jeito, deixar quieto. Vou
esquecer, sei disso. Só não sei se quero.
Estamos bem, cada um para o seu
lado, sabe? Vida que segue. Mas, por trás da minha força, só eu sei a falta
que você me faz.