O culto ao poder distorce o discernimento político
porque leva
quase inevitavelmente à crença de que as tendências do presente
prosseguirão.
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No entanto, o próprio Orwell, sempre adversário do privilégio
e do poder,
na ficção engajou-se justamente nessa crença submissa. O alerta de que o
mundo poderia tomar aquele rumo se tornou, no próprio caráter absoluto da
ficção, uma submissão imaginativa à sua inevitabilidade. E, portanto,
insistir nessa questão é mostrar pouco respeito por aqueles inúmeros
homens e mulheres, inclusive o próprio Orwell, que lutaram e lutam contra
as tendências destrutivas e ignorantes que ainda são tão
poderosas, e que
mantiveram forças para imaginar e trabalhar pela paz, pela liberdade e pela
dignidade humana.
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