Essa é uma passagem essencial no livro, em plena coerência com as
perspectivas morais e sociais que Orwell apresenta em outros lugares. Daí a
autenticidade da memória, daí o diário: a decisão de escrever o diário dá
início
ao fio principal da trama, em que se defende a memória pessoal
contra as tentativas oficiais de reescrever a história, e estas se tornam temas
paralelos.
Minha sugestão é que os temas referentes à importância da memória, à
confiança mútua e à linguagem simples e direta operam juntos como sátira
dos textos modernos produzidos em massa. Orwell chega a ver os textos
nominalmente apolíticos de entretenimento barato (
papaproleta) e da
cultura proletária (
prolecult) como dotados de efeito político, entorpecedor,
deturpador e pacificador de modo geral. Se os lemos basicamente como
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