of a consumer society. The commerciali‑
zation of Eighteenth‑Century England.
Bloomington: Indiana University
Press, 1982, pp. 265‑66.
consumo “enquanto motor da mudança” ficou suspenso por mais de
um século, não chegando a disparar aquela “revolução do consumo” a
respeito da qual escreveram McKendrick, Brewer e Plumb. Revolução
é uma grande palavra e muitos questionaram a extensão do consumo
antes de meados do século
xix
; ainda assim, ninguém de fato duvida
que as “coisas supérfluas”, para usar uma expressão chinesa, se multi‑
plicaram durante o século
xviii
, da decoração de interiores a espelhos,
relógios, porcelanas, prataria, jóias — e concertos, passeios e livros.
“Em qualquer análise do lazer”, escreve Plumb, “seria bastante errado
não colocar as preocupações culturais em primeiro plano”
17
. Então: o
que o “nascimento de uma sociedade de consumo” representou para
o romance europeu?
Em primeiro lugar, um salto quantitativo gigantesco. Entre a pri‑
meira e a última década do século, a quantidade de títulos novos au‑
mentou sete vezes na França (ainda que, nos anos de 1790, os franceses
tivessem mais o que fazer do que escrever romances); quatorze vezes na
inglaterra; e cerca de trinta vezes nos territórios germânicos. igual‑
mente, pelo fim do século
xviii
as tiragens se tornaram um pouco maio‑
res, especialmente no caso de reimpressões; muitos romances que não
estão incluídos nas bibliografias usuais foram publicados em revistas
(algumas das quais com grande público leitor); o fortalecimento de
laços de família encorajou a leitura doméstica em voz alta (fornecendo
o campo de treinamento para a vocação do Dr. Bowdler); finalmente, e
mais importante, a difusão de bibliotecas circulantes fez os romances
se difundirem de forma muito mais eficiente do que antes, conduzin‑
do por fim à imposição do formato em três volumes tanto a escritores
como a editores, a fim de permitir o empréstimo simultâneo a três
leitores. Por difícil que seja quantificar esses diversos fatores, se to‑
dos eles combinados tiverem feito a circulação de romances aumen‑
tar entre duas a quatro vezes (uma estimativa conservadora), então a
presença de romances na Europa ocidental teria crescido entre trinta e
sessenta vezes ao longo do século
xviii
. Para McKendrick, o fato de que
o consumo de chá cresceu quinze vezes no espaço de cem anos é uma
grande história de sucesso da revolução no consumo. O de romances
cresceu ainda mais do que o de chá.
Por quê? A resposta costumava ser “porque cresceu o número de
leitores”. Mas o consenso atual — que é escorregadio, como tudo re‑
lacionado com a alfabetização, mas que tem permanecido estável até
agora — é que entre 1700 e 1800, a quantidade de leitores dobrou; um
pouco menos do que isso na França, um pouco mais na inglaterra, mas
esse é o horizonte. Dobrou; não multiplicou por cinqüenta. Mas eles
passaram a ler de maneira diferente: leitura “extensiva”, como a chamou
Rolf Engelsing: lendo muito mais do que antes, avidamente, às vezes
de maneira apaixonada, mas é provável que também, na maioria das
11_moretti_p200a213.indd 209
26/11/09 19:06
210 roMaNce: hisTória e Teoria ❙❙
Franco Moretti
[18] Engelsing, Rolf. Der Bürger als
Lesser. Lesergeschichte in Deutschland
1500‑1800. Stuttgart
: Kohlhammer,
1974, especialmente pp. 182ss.
[19] Fergus, Jan. Provincial readers in
Compartilhe com seus amigos: |