JURUPARI
Segundo os prim eiros colonizadores portugueses, antes m esm o de eles
chegarem ao Brasil o Diabo j á reinava com plena soberania em todas as nossas
m atas. Disfarçado sob o pseudônim o de Jurupari, era ele quem arrastava para o
inferno os silvícolas, algo que só com eçou a ter fim quando Cabral desem barcou
em nossas praias trazendo consigo a Cruz Redentora.
Segundo a m aioria das versões indígenas, o Jurupari é, de fato, um a
entidade m aléfica, cuj o âm bito de ação predileto é o pesadelo – segundo
algum as fontes, seu próprio nom e, Jurupari, significa “o que vem ao leito” –, o
que não im plica dizer que ele sej a necessariam ente o Diabo dos cristãos.
Existe um a segunda versão que coloca o Jurupari com o um a espécie de
legislador divino benéfico. Segundo essa m esm a versão, Jurupari seria filho do
Sol e de um a virgem , tendo vindo ao m undo com a m issão de procurar um a
esposa para o pai.
Mas a versão m ais popular continua a situar o Jurupari com o um deus
m aléfico, antítese de Tupã, espécie de espírito do trovão, que os j esuítas tam bém
falsearam , transform ando-o no Deus do catecism o.
Quanto ao seu aspecto, ninguém até hoj e se preocupou em lhe dar um a
form a precisa. Alguns ilustradores m odernos, na falta de dados m ais precisos,
costum am pintá-lo com o um ser coberto de folhas ou de flores, um a vez que ele
provém das profundezas das m atas.
Com o quase tudo, porém , nas florestas está associado tam bém às aves,
Jurupari não escapou de ter um a ligação estreita com elas. Os tupinam bás, por
exem plo, acreditam que ele m antinha relações sexuais frequentes com certas
aves de m au agouro, e que elas depois chocavam os seus ovos.
LABATUT
Caso raríssim o de entidade m onstruosa derivada de um ser hum ano real e
plenam ente identificável, o Labatut é um a hom enagem que o nosso folclore
prestou a um a das figuras m ais violentas que j á pisaram o nosso solo, o general
francês Pierre Labatut, oficial de Napoleão.
Antes de m orrer e converter-se em m onstro, Labatut exerceu diversos
cargos na corte brasileira, ainda sob o reinado de D. Pedro I. Dentre outras
m issões, Labatut tom ou parte nas cham adas Guerras da Independência, na
Bahia, além de ter chefiado, posteriorm ente, um a expedição desastrada ao Rio
Grande do Sul, durante a Guerra dos Farrapos.
Muitos soldados que serviram sob o seu com ando sofreram m aus-tratos, de
tal form a que, por m ais de um a vez, o m ilitar francês viu-se obrigado a enfrentar
e debelar rebeliões.
Segundo o depoim ento dos seus contem porâneos, Labatut possuía
características físicas exacerbadas que j á prenunciavam o m onstro do futuro:
tam anho agigantado, pés enorm es e a voz retum bante.
Mas foi só depois de m orto que Labatut foi convertido pela im aginação
popular num ente feroz, considerado m ais perigoso do que o próprio Lobisom em .
Segundo os m ais fidedignos estudiosos do assunto, o Labatut é um ogro de
porte avantaj ado e cabelos com pridos e desgrenhados. Seu corpo está coberto de
espinhos tão duros quanto os do porco-espinho, e seus pés são redondos com o os
de um elefante. Nesse últim o aspecto, ele guarda um a sim ilitude evidente com o
sinistro e inform e Pé de garrafa, um a das criações m ais sutilm ente surreais do
nosso panteão nacional de m onstros.
Seu rosto em oldurado pelas grenhas revoltas se destaca, acim a de tudo,
pelo único olho que tem fincado no centro da testa, em bora as presas longas e
aguçadas que lhe escapam dos dois cantos da boca exerçam , num segundo
m om ento, um im pacto ainda m ais dilacerante sobre as suas vítim as.
Labatut m ora em um a região situada entre o Ceará e o Rio Grande do
Norte, e ali vive em estado de fom e perm anente. Seu alim ento predileto são as
crianças, e sua m aneira de atacar é sutil e insidiosa. Labatut prefere colar o
ouvido nas portas ou introduzir o seu olho pelo buraco da fechadura antes de
efetuar o ataque.
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