O PULO DO G ATO
O conto que encerra esta pequena coletânea da narrativa oral brasileira é,
sem dúvida algum a, um a das fábulas m ais engenhosas que o espírito hum ano j á
concebeu. Ela conta com o o gato ensinou, certo dia, o cachorro a pular.
Estava, pois, o gato a descansar quando o seu eterno rival, o cachorro,
apareceu.
– Lá vem você de novo! – disse o bichano, m ostrando as unhas.
– Calm a! – disse o cão, tentando acalm ar o gato.
– Diga logo o que quer e desapareça!
O cão fez um a careta im plorativa e disse:
– Não brigue com igo, velho am igo, pois vim estabelecer um a paz definitiva
entre nós.
O bichano acinzentado m oveu a cabeça para o lado, descrente.
– É sério! E com o prova da m inha am izade, prom eto ensinar-lhe todas as
habilidades de um cão!
– E quem disse que eu quero aprender algo de você?
Mas o cão conseguiu convencer o antigo rival de que tinha, de fato, m uita
coisa a lhe ensinar, e m inistrou-lhe algum as lições utilíssim as.
Diante disso, o gato consentiu em ensinar ao cão, tam bém , algum as de suas
habilidades.
– Quero apenas que m e ensine a pular! – disse o cão, esperançoso.
– Muito bem , conheço todos os pulos da floresta – disse o gato, de boa
vontade.
O gato passou o dia todo ensinando ao cão todos os pulos possíveis, de todos
os anim ais da floresta.
– Bem , é isto – disse ele, depois de ensinar o últim o pulo.
Neste instante o cão arreganhou os dentes e, depois de escolher o pulo m ais
veloz aprendido, m ergulhou na direção do gato. Este, porém , saltou para o alto
feito um a m ola de pelos, fez um a espetacular acrobacia aérea e foi pousar, são e
salvo, m uito longe do cão.
– Seu tratante! – ralhou o cachorro. – Este pulo você não m e ensinou!
Então o gato, em pertigando-se todo, explicou:
– Este é o pulo do gato, bobão. Este eu não ensino a ninguém .
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