interior da viola.
– Pronto, agora é ficar bem quietinho! – disse, encolhendo-se todo no fundo
do instrum ento.
Na m anhã seguinte, o urubu levantou voo na direção do céu, levando a
tiracolo a viola. O sapo fez toda a viagem ali dentro, sem se m exer, e foi assim
que chegou ao céu j unto com o am igo carniceiro.
Quando a festa ia com eçar, o urubu deu os prim eiros acordes na viola e
um ronco grotesco se fez ouvir de dentro do instrum ento.
– Ora, m as eu afinei-a direitinho ontem à noite! – disse o urubu,
desculpando-se.
– Esse tal de urubu j á foi violeiro! Já foi...! – disse, de bico em pinado, um a
garça antipática.
O urubu fuzilou a garça com um olhar e, depois de afinar novam ente, um a
por um a, as dez cordas da viola, com eçou um a nova m odinha.
– Coach! – fez algo no tam po, quebrando toda a harm onia dos acordes.
Um coro viperino de risos ecoou pelo céu.
Só então o sapo, surgindo por entre as cordas, fez a sua aparição triunfal.
O urubu, ferido no m ais profundo da sua vaidade artística, sentiu ganas de
estrangular o intruso nas cordas, e só não o fez porque o sapo foi m uito bem
recebido por todos.
Ah, ah, ah!, isto é que era ser engraçado!, diziam todos, vertendo lágrim as
de riso, enquanto o urubu, de perna trançada, entortava o bico.
Quando tudo cessou, porém , a festa com eçou e se estendeu por todo o dia,
entrando noite adentro. O baile foi um sucesso trem endo: todo m undo dançou,
com eu, bebeu à vontade, até que, chegada a hora do encerram ento, cada qual
tratou de partir.
Quanto ao sapo, retornou do m esm o m odo que viera, dentro da viola do
urubu.
– Pode vir, am igão! – disse o violeiro, com o quem j á esquecera o m au
gracej o.
Quando retornavam , porém , em pleno ar, o urubu tom ou a viola e tocou
alguns acordes, chacoalhando o instrum ento com tanta força que o sapo saltou
para fora, caindo no abism o.
O pobre sapo veio rebolando pelo ar até esborrachar-se nas pedras,
Compartilhe com seus amigos: