O TOURO E O HOMEM
Este conto possui várias versões m undo afora. Em vez do touro, com o na
versão que agora lerem os, aparece, dependendo do lugar, o lobo, o leopardo, o
tigre, o leão ou qualquer outro anim al célebre pela sua força.
Diz-se, então, que, certa feita, o touro, m etido nas profundezas da floresta,
só ouvia falar do hom em e de suas proezas. Com o não o conhecia, decidiu, um
dia, tirar a prova da força de am bos.
Depois de percorrer quilôm etros dentro da m ata, ganhou a estrada, afinal.
– Muito bem , agora, certam ente, haverei de deparar-m e com um hom em !
– disse o touro, de ventas arreganhadas.
Andou um pouco pela estrada até avistar um ser bípede e todo encurvado.
– Este, certam ente, não é um hom em – disse o touro, avistando, na
verdade, um pobre velho.
Mas, por via das dúvidas, ele decidiu perguntar:
– É você, porventura, um hom em ?
O velho custou a erguer a cabeça e respondeu, batendo as gengivas:
– Já fui um hom em , m as há m uito deixei de ser!
O touro, cheio de desprezo pelo ex-hom em , insistiu:
– Então, diga-m e onde posso encontrar um hom em !
– Siga adiante, eles estão por toda parte – disse o velho, desencantado.
O touro em pertigou-se e seguiu adiante até encontrar um a m ulher feia e
azeda.
– Certam ente que você não é o bicho hom em ! – disse o touro, com ironia.
– Só se você for a vaca – disse a m ulher, que não andava para graças.
O touro fuzilou-a com um olhar irritado.
– Diga logo onde encontro o bicho hom em !
– Siga adiante, chifrudo, e vai dar de focinho com um a dezena deles!
Mais adiante, o touro deparou-se com um m olecote.
– É você o bicho hom em ? – disse, logo de cara, o touro.
– Ainda não, m as serei em breve! – disse o m oleque, estufando o peito.
– Acontece que eu não tenho tem po para esperar – respondeu o touro,
dando adeus.
Quando o touro j á com eçava a achar que aquela história de bicho hom em
não passava de um a invenção, apareceu, finalm ente, no fim da estrada, um
bicho hom em inteiro e acabado.
Algo no íntim o do touro lhe disse que encontrara o seu rival. Depois de
firm ar-se bem sobre as pernas e preparar os chifres para um a boa m arrada,
estava pronto para o confronto.
– Muito bem , fanfarrão! É você o bicho hom em ? – bufou ele.
O hom em , que estava com um bacam arte na m ão, olhou para o touro e
confirm ou:
– Decerto que sou o bicho hom em . Por que quer saber?
– Porque quero que m e prove, agora, que é o m ais forte dos anim ais!
Ao escutar isso, o hom em em pinou o bacam arte e despej ou um a carga de
chum bo na cara do touro, que saiu correndo de volta para a m ata com quantas
pernas tinha.
Algum tem po se passou até que o touro se curasse das feridas. Então,
recebeu a visita de um a com issão de anim ais para saber que coisa achara do tal
bicho hom em .
Apesar de tanto tem po passado, o touro não podia esconder o assom bro que
a lem brança do encontro ainda lhe causava.
– De fato, o bicho hom em é o m ais forte e tem ível dos anim ais! – gem eu
ele.
Depois, m ostrando as feridas na cara, acrescentou:
– Pois se só com um espirro m e fez todo este estrago...!
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