O COELHO E A TARTARUG A
Um dos gêneros m ais apreciados da literatura oral m undial é o da disputa
de velocidade entre bichos ou gente. Pode-se dizer que a coisa vem desde as
cavernas, não havendo parte algum a do m undo onde não se conte algum a
variante da fábula que, tam bém no Brasil, conheceu m ais de um a versão.
Diz-se, pois, que o coelho, sem ter m ais coisa para fazer, decidiu desafiar
alguém para um a corrida. Com o detestava perder, escolheu a dedo o seu
adversário: a tartaruga.
Para sua surpresa, no entanto, a rival aceitou o negócio na hora.
– Quando quiser – disse ela, serena. – Eu vou pela trilha, e você pelo m ato.
Ao ouvir isso, o coelho arreganhou os dentões de raiva e desconfiança.
– Ah, quer m oleza, é? Pois só haverá corrida se eu for pela trilha, e você
pelo m ato!
– Pois sej a – respondeu a tartaruga, aparentando grande contrariedade.
O coelho sorriu diante da sua prim eira vitória. Mas, por via das dúvidas,
decidiu com er um a porção extra de cenouras antes da com petição.
Na m anhã seguinte, quando chegou ao local do encontro, a tartaruga j á o
aguardava.
– Pensei que não vinha m ais – disse ela, dando um bocej o.
O coelho, então, foi postar-se na trilha de chão batido, enquanto a tartaruga
m eteu-se no m ato.
– Já! – gritou o desafiante.
O coelho correu com o um raio pela trilha, levantando um pó de furacão.
Quando j á estava a m ais da m etade do percurso, olhou para o lado e gritou para
dentro da m ata:
– E aí, m oleirona, onde está?
Um a voz de tartaruga, m uito adiante dele, respondeu:
– Se apresse, dentuço! Mais um pouco e cruzo a linha!
Branco de terror, o coelho apertou o passo e correu com o um raio. Quando
faltavam alguns m etros, viu um chacoalhar de arbustos, m uito adiante, do outro
lado da m ata.
– Andou com endo cenoura dem ais, gorducho! – disse, outra vez, a m esm a
voz fanhosa.
Louco de pânico, o coelho criou asas nas patas até alcançar a linha de
chegada. Quando se aproxim ava, porém , enxergou o vulto da tartaruga, lá do
outro lado, encostada no m arco e de perna trançada.
Derrotado e hum ilhado, só restou ao coelho abandonar a floresta para
nunca m ais aparecer.
Quando o coelho fanfarrão havia desaparecido, a tartaruga ergueu a voz,
para trás, e saudou as sete outras am igas que, dispostas ao longo do percurso,
haviam feito as vezes dela para o rival.
E aqui está com o a tartaruga venceu o coelho sem sair do lugar.
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