O JAPIM PLAG IADOR
O j apim , tam bém cham ado de xexéu, m orava no céu j unto com Tupã, o
deus do trovão.
Diz-se que, certa época, um a doença terrível se abateu sobre os índios
tupis, causando m uitas m ortes. Então eles clam aram a Tupã para que m andasse
algum a aj uda.
– Vá, j apim , e cure-os da doença – disse o deus, espantando a avezinha.
O j apim , um a bela ave azul e am arela, desceu do céu e foi pousar na
aldeia infectada. Im ediatam ente, ele com eçou a entoar o seu canto belo e
original, que aprendera no céu.
Os índios ficaram abism ados com a beleza do canto, em bora achassem
aquilo m uito pouco.
– É belo, sim , m as cantoria não cura nossos m ales! – reclam ou aos céus o
paj é.
Aos poucos, porém , o canto da ave foi infundindo poderes curativos
sobrenaturais nos doentes, curando-os um por um da m oléstia.
Então, quando a doença foi extinta, o j apim anunciou que retornaria aos
céus.
– Oh, não, perm aneça conosco! – clam aram todos, e, m ais do que todos, o
paj é.
Tupã, do alto da sua bondade, decidiu, afinal, deixar o j apim entre os
índios.
Houve festa em toda a aldeia, e a avezinha m ilagrosa foi celebrada durante
um a sem ana inteira, com o se fosse o próprio Tupã. Não dem orou m uito e o
j apim , vaidoso, com eçou a se considerar um a ave sagrada.
A partir daí, passou a desprezar a com panhia das outras aves, e até m esm o
a ridicularizá-las, debochando de qualquer canto de ave que não fosse o seu.
Quando as outras aves se encheram , afinal, dessa história, foram queixar-
se a Tupã.
– Ninguém aguenta m ais a soberba do j apim ! Graças a ela, seu canto
perdeu todas as propriedades curativas. Já não há m ais razão algum a para
alguém desej ar a sua presença na terra.
Então, Tupã, dando razão às aves, decidiu punir o j apim .
– Pois a partir de agora ele perderá o seu canto, só podendo im itar o canto
dos outros!
Mas as aves acharam pouco, pois queriam bem longe o j apim e seus
deboches. Então, destruíram seu ninho e quiseram corrê-lo da aldeia, obrigando-
o a pedir proteção aos m arim bondos.
– Por favor, deixem -m e construir m eu ninho perto da sua casa! – disse a
avezinha.
Os m arim bondos aceitaram , desde que o j apim não arrem edasse o
zum bido deles.
Desde então, o j apim vive protegido do ataque das outras aves, em bora
j am ais tenha readquirido o dom de cantar o seu próprio canto.
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