OS TÁRIAS APRENDEM A FAZER EMBARCAÇÕES
(SAG A DOS TÁRIAS – II)
A lenda dos tárias é tão interessante quanto um a saga islandesa, e com porta
vários episódios. Com o tantas outras lendas extraviadas m undo afora, só não goza
do reconhecim ento universal porque lhe faltou quem a desenvolvesse em am plos
e vibrantes painéis.
Com o vim os no prim eiro conto, os tárias surgiram do Trovão e
aprenderam a se reproduzir observando as práticas sexuais dos cervos. (Eles
haviam sido m etam orfoseados pela Mãe do Sono naqueles m esm os anim ais,
recuperando logo depois – é o que se supõe – a antiga form a hum ana.)
Todas as noites os casais repetiam as práticas aprendidas, de tal m odo que
não tardaram a surgir seus prim eiros filhos. Aos poucos, eles aprenderam
tam bém a plantar e a criar anim ais.
Então, um dia, observando o rio Am azonas, eles pensaram em com o
poderiam “andar com o patos sobre as águas”. (A expressão que usaram foi
exatam ente esta, pois não sabiam ainda o que fosse “navegar”.)
Todos os dias eles se postavam às m argens do rio e ficavam observando,
cheios de adm iração, o ir e vir sereno dos patos sobre a água.
– Tem os de aprender, tam bém , a cam inhar sobre as águas! – disse, um
dia, o líder suprem o dos tárias.
Os índios, deixando de lado a observação, passaram então à ação.
– Vá, m ergulhe e faça com o eles! – disse o cacique, atirando na água um
dos tárias próxim os.
O pobre índio caiu na água e espadanou feito um desesperado, e, se não
fossem os dem ais retirarem -no dali, teria descido ao fundo com o um a pedra,
sem j am ais retornar.
Mas os tárias eram persistentes e continuaram insistindo, até que um dia
um deles, bafej ado pela sorte, viu passar um pau de bubuia flutuando. Num
reflexo feliz, ele agarrou-se ao tronco e im ediatam ente sentiu que não afundava
m ais. Depois, com um pouco m ais de prática, conseguiu guiar o tronco com as
m ãos m etidas dentro d’água. Então, ele foi para onde quis, e a felicidade inundou
sua alm a.
Com o não havia ninguém por perto para adm irar sua façanha, o índio
retornou à m argem e foi correndo à aldeia com unicar a sua fantástica
descoberta.
– Descobri, irm ãos, um m eio de cam inhar sobre as águas! – gritava ele,
cheio de orgulho.
Logo ao am anhecer todos foram ver a proeza. O tária atirou-se na água
m ontado em sua boia im provisada e “andou” por todo o rio sem j am ais afundar.
E foi assim que os tárias aprenderam a “andar com o os patos sobre as
águas” e, logo depois, a construir a sua prim eira em barcação, am arrando troncos
uns nos outros.
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