COMO SURG IU O OIAPOQ UE
Os índios oiam pis explicam de m aneira m elancólica o surgim ento do rio
Oiapoque, no extrem o norte do Brasil.
Tudo com eçou num tem po m uito antigo, quando a fom e e a doença
estavam afligindo a aldeia dos oiam pis. Tarum ã, um a bela índia, estava grávida e
decidiu procurar um lugar livre da m oléstia e da penúria para criar seu filho.
Com a barriga pesada, a pequena índia com eçou sua peregrinação solitária pela
m ata, m as passados alguns dias sentiu que não teria m ais forças para ir a lugar
algum .
– Ó, Tupã, não posso m ais dar um passo e m orrerei com m eu filho no
ventre! – exclam ou ela, sozinha e esfom eada no m eio da m ata.
Então Tupã, apiedado, transform ou-a num a enorm e cobra.
Tarum ã, convertida nessa cobra, encontrou forças para seguir adiante,
levando sem pre o filho no ventre, até que, um dia, encontrou um lugar aprazível,
onde havia água e terra boa para plantar.
– Aqui haverem os todos de viver! – disse ela, pensando em retornar às
pressas para avisar a gente da sua aldeia.
Antes de retornar, porém , ela deu à luz um a m enina.
– Graças a Tupã não nasceu um a cobrinha! – disse ela, aninhando nas suas
dobras o pequeno ser.
Tarum ã refez todo o traj eto com a m enina na garupa até chegar de volta à
sua aldeia. Entretanto, viu-se surpreendida pela péssim a recepção dos seus.
E não era para m enos, j á que Tarum ã ainda ostentava sua figura de cobra
gigante.
– É a Cobra-Grande! – disse um índio, apavorado.
Desde tem pos im em oriais que os índios am azônicos nutrem um m edo atroz
da Cobra-Grande, um ser frio e devastador, cuj o único propósito é alim entar-se
de índios e anim ais. Im ediatam ente, um grupo de valentes surgiu com arcos e
flechas e com eçou a arrem essar um a verdadeira chuva de setas para cim a da
pobre índia-cobra.
Tarum ã não foi atingida, protegida que estava por suas escam as, m as sua
filhinha não teve a m esm a sorte e acabou varada por um a flechada certeira.
Ao ver a filha m orta, a cobra lançou para o ar um silvo de dor e tristeza tão
aterrador que os índios saíram correndo em todas as direções. Im ediatam ente,
um verdadeiro rio de lágrim as brotou das pupilas da cobra, preenchendo todo o
sulco que ela abrira durante a sua viagem de ida e de volta. Um rio im enso
form ou-se, e a cobra m ergulhou nas suas águas caudalosas, desaparecendo para
sem pre.
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