O SURG IMENTO DA NOITE
Algum as tribos am azônicas creem que no com eço dos tem pos só havia dia.
Era sol de m anhã, sol de tarde e sol de noite, e só quando as nuvens apareciam é
que se tinha um descanso para tanta luz e calor.
Mas m esm o sem sol, continuava sem pre dia. É que a noite, diziam eles,
estava adorm ecida no fundo do rio Am azonas, e até ali ninguém se anim ara a
despertá-la.
Naqueles dias, a Cobra-Grande, um dos personagens m ais im portantes do
folclore am azônico, não só vivia à solta por aí com o tam bém tinha um a linda
filha.
O esposo dessa j ovem andava m uito chateado, pois ela não queria dorm ir
com ele de j eito nenhum . A desculpa da esposa era sem pre a m esm a:
– Deitar por que, se ainda não é noite?
O pobre tentava argum entar, dizendo que não seria nunca noite, m as não
tinha j eito.
– Só deito quando anoitecer – teim ava ela.
– Mas e quem vai despertar a noite do fundo das águas?
– Minha m ãe sabe o segredo. Mande alguém até lá buscar um coco de
tucum ã.
No m esm o instante, o m arido m andou três serviçais até lá.
Apesar de m ortos de m edo – pois não há índio que não se arrepie ao
escutar o nom e dessa entidade –, os serviçais foram até a Cobra-Grande e
relataram -lhe o pedido da filha.
– Não o abram em circunstância algum a! – sibilou a serpente, entregando
o coco aos três.
O coco fora selado com um a cobertura de breu, a fim de evitar a tentação
da curiosidade.
Os em issários retornaram pelo rio na m esm a canoa em que haviam
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