e Apoio à Comercialização. Brasília: Ministério do Turismo, 2007.
2
BRASIL, Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil: Módulo Operacional 8 – Promoção
e Apoio à Comercialização. Brasília: Ministério do Turismo, 2007:15.
3
Idem.
16
E se o turista decidir não ir à praia com a família durante as férias, e decidir
visitar algum destino cultural ou com maior contato com a natureza? É
importante lembrar que o mercado é assim, composto de ofertas diversas que
disputam os turistas e que concorrem entre si para aumentar a visitação em
suas regiões.
Analisar a relação dos produtos turísticos com o mercado no qual ele está
inserido é etapa essencial para um melhor posicionamento. O mercado é
influenciado por cinco forças ou grupos de participantes, que podem intervir
diretamente no desempenho de sua oferta. Assim, a análise do mercado
turístico não deve se basear apenas na oferta existente (a sua e a de seus
concorrentes) e na demanda por estes produtos, mas também no conjunto de
atores que compõem a totalidade do mercado, destacados a seguir.
Para realizar um melhor entendimento do mercado, devem ser consideradas
na análise todas as forças que influenciam no desempenho do mercado e na
competitividade dos atores envolvidos, e são elas (PORTER, 1986):
•
Rivalidade existente no setor: os destinos ou produtos turísticos que
concorrem diretamente com o seu destino ou produto e já participam
deste mercado;
As praias da Bahia, por exemplo, concorrem diretamente com as praias
do Ceará pelo fluxo de visitantes do Sudeste do Brasil.
•
Ameaça de novos concorrentes: os destinos ou empresas que ainda
não concorrem diretamente, mas que estão se estruturando e passarão
a ser concorrentes a curto, médio ou longo prazo;
As localidades do Brasil que possuem atividades de aventura não tão
conhecidas podem estar iniciando melhorias e trabalhos de divulgação
para atrair os visitantes que iriam ao Rio de Janeiro/RJ
ou à Foz do Iguaçu/PR.
•
Ameaça dos produtos substitutos: deve-se entender como os
produtos diferentes dos oferecidos por uma empresa A, por exemplo,
podem conquistar os clientes e reduzir a venda dos produtos turísticos
de uma empresa B. As pessoas podem desenvolver interesses em
produtos diferentes dos oferecidos por sua localidade, e passar a
reduzir a visitação ou compra de seus produtos turísticos. O conceito
17
de produto substituto em análise estratégica significa exatamente
aqueles produtos que podem não ter nenhuma relação com o produto
concorrente (em questão), mas que podem reduzir seu consumo, por
competir indiretamente com ele;
Fatores como novelas, ou eventos criados, podem influenciar o
consumo e fazer com que os visitantes tenham interesse
em conhecer o Pantanal, por exemplo, e não mais
apenas os apelos históricos de sua cidade.
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A utilização de transporte aéreo pode reduzir o número de viagens de
ônibus, e também reduzir o consumo nos restaurantes das estradas,
pois as pessoas não passam mais pelas estradas
por não viajarem de ônibus.
Num outro exemplo, a máquina fotográfica digital é o produto
substituto que reduziu o volume de atividade das empresas que
oferecem serviços de revelação. Neste caso o substituto não são outras
empresas de revelação de fotografia, mas sim produtos diferentes que
reduzem o consumo do produto ofertado por sua empresa.
•
Aumento do poder de barganha dos compradores: deve ser
analisada a influência que os compradores exercem na lucratividade
do turismo em uma localidade;
Se existe grande parcela das vendas dos produtos turísticos de um
destino concentrada em poucos operadores de turismo, estes terão
maior força para reduzir os preços e a lucratividade das empresas
fornecedoras dos serviços naquele destino.
•
Aumento do poder de barganha dos fornecedores: O turismo
em uma região pode deixar de ser interessante se os fornecedores
(equipamentos de alimentação e hospedagem, como exemplo)
puderem elevar os preços e/ou se não houver substitutos para estes
fornecedores.
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Como exemplo pode-se citar uma localidade onde existem diversos
hotéis de pequeno porte. O poder de barganha de cada hotel
separadamente perante uma grande operadora é pequeno, mas caso
os hotéis se organizem e trabalhem em conjunto, podem conseguir
parcerias mais vantajosas, com preços mais interessantes e um
melhor desempenho no índice de ocupação hoteleira. Porém, outras
alternativas de hospedagem, como casas de veraneio ou casa de
parentes podem reduzir o poder de barganha
destes fornecedores (os hotéis).
Pode-se perceber que a análise de mercado deve consistir em uma visão
abrangente dos movimentos que estão ocorrendo no turismo, não só da região
de oferta de um produto turístico, dos equipamentos turísticos e serviços
complementares que contribuem para o desenvolvimento do potencial de
visitação, mas também de todas as localidades concorrentes.
É preciso considerar ainda, como parte do mercado, os diferentes atores,
com diferentes interesses. Para uma visão mais profunda e abrangente do
funcionamento do mercado, todos eles devem ser considerados na análise,
juntamente com as tendências de consumo e demandas dos turistas que se
pretende atrair.
A análise de mercado deve considerar, portanto, não só os participantes de
um mercado, mas todos os fatores que exercem influências sobre ele. Assim
questões macro-ambientais devem ser verificadas para uma análise minuciosa,
fazendo-se necessário analisar questões políticas, sociais, econômicas e
culturais para entender os movimentos de mercado.
Além disso, não se deve apenas analisar a realidade atual. É necessário também
entender os modismos e tendências, para que o direcionamento das ações de
mercado não se torne obsoleto em curto prazo.
O modismo influencia no desempenho do turismo, e sendo uma intenção
de compra de curta duração, deverá ser aproveitada com reações rápidas à
mudança de comportamento dos consumidores (KOTLER; KELLER, 2006).
Para aproveitar estes modismos, quem planeja as ações de mercado deve ficar
atento a estas modificações. Um exemplo disso é o impacto que filmes ou
novelas causam no interesse de compra dos consumidores. Um destino pode
virar “moda” e passar a ser mais visitado em função de estímulos imprevistos
causados por um meio de mídia de massa.
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Já as tendências são definidas por estes autores como uma sequência de
eventos com força e durabilidade e que podem revelar como será o futuro
do consumo e quais oportunidades podem ser aproveitadas.
Um exemplo de tendência é o envelhecimento da população. A sucessão de
fatos demonstra que isto não é uma modificação momentânea, e que surgirão
novas oportunidades de negócios voltadas para a parcela mais idosa da
população. Outros exemplos de tendência que podem influenciar no perfil de
consumo turístico são as modificações nas taxas de natalidade (as pessoas estão
tendo menos filhos), o maior grau de instrução da população, o retardamento
da aposentadoria, o aumento da renda da classe C no Brasil, dentre outros
fatores de extrema importância para o entendimento das mudanças ocorridas
no perfil dos turistas.
O mercado é dinâmico e está em constante mudança. Os turistas mudam
seus interesses e exigências, alguns fornecedores melhoram, outros saem da
atividade, o processo de comercialização ganha ou perde parceiros. Logo, a
percepção do mercado também deve ser constantemente atualizada, junto
com as modificações ocorridas em todo o cenário de negócios.
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