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Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI
24 e 25 de novembro de 2014 • Londrina, PR
3. Manipulações
3.1 Publicidade e regimes autoritários
Depois de onze anos sem fazer grandes campanhas, a empresa Benetton
optou por uma estratégia pouco comum nos meios publicitários, mas recorrente da
marca, que é a polêmica. Para chamar atenção do público mais jovem, criou situações
(simulações) em que líderes mundiais se beijam na boca: Barack Obama beija Hugo
Chávez e o presidente chinês Hu Jintao; o premiê israelense Binyamin Netanyahu beija
o líder palestino Mahmoud Abbas; o papa Bento XVI beija o egípicio Ahmed el Tayeb.
Desconsiderando todo o choque causado com beijos de autoridades, algumas inimigas,
observa-se que a manipulação teve seu uso como uma forma de propaganda. O fato,
como referente, não existiu, mas as pessoas da narrativa ficcional estão inseridas na
realidade. A chamada do anúncio, distribuído primeiramente nas redes sociais, era :
"Unhate", que significa "não ódio". Ao exibir líderes aos beijos, a mensagem foi bem
clara e a simulação, eficaz.
Figura 1: À esquerda imagem exibindo o líder americano, Barack Obama, beijando o venezuelano, Hugo
Chávez. À direita, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, beija Nicolas Sarkozy, da França.
Retomando a Idade Média, no Império Romano, aqueles considerados,
politicamente, traidores, tinham as suas imagens apagadas das esculturas e
monumentos. Essa punição era denominada de damnatio memoriae. Em outras palavras,
eles eram eliminados da memória histórica e social. De igual forma, os regimes
autoritários como os dos bolcheviques, Mao Tse Tung, Hitler faziam com seus
oponentes. Ao longo da história há exemplos, recentemente revelados, de manipulações
fotográficas reproduzidas como propaganda de seus regimes.