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Encontro Nacional de Pesquisa em Comunicação e Imagem - ENCOI
24 e 25 de novembro de 2014 • Londrina, PR
refletidas pelos objetos) - um vestígio material do seu tema, de um modo que
nenhuma pintura pode ser (SONTAG, 2004, p.170).
Apesar de o ato fotográfico ser mais difundido como reprodução da
realidade, também é defendido como um vestígio, uma marca, indicação de que aquilo
fotografado existe ou existiu. A teoria de Charles Sanders Peirce (DUBOIS, 1994)
aponta a fotografia como índice, ou seja, possui uma conexão física por conta do seu
processo, que compreende a exposição de luz sobre as chapas de sais de prata. De certo
modo, Peirce defende que um retrato, por exemplo, carrega consigo um pouco da
natureza. Vale abrir parêntese para os que não compartilham a ideia de que a fotografia
é o elemento mais indicial das artes visuais. O artista e teórico Joan Fontcuberta (2001)
afirma que a classificação de Peirce é excessiva e superficial, tendo em vista que,
através do procedimento de produção, pode-se indicar outros fenômenos artísticos que
se manifestam como índice, assim ou mais que a fotografia. Ele dá o exemplo de um
desenho qualquer feito com a fricção de um objeto sujo de pó de grafite com papel - "O
traço seria uma unidade linguística cuja articulação nos permitirá criar estruturas de
ordem muito mais complexa mas que carecia de intenção de representação por si só."
(FONTCUBERTA, 2001, p.80). O que Fontcuberta ignora é que, mesmo tendo o
processo quase a mesma intensidade de conexão física com a natureza, a fotografia
fornece traços mais semelhantes com o objeto imitado que a xilografia.
Por outro lado, há outros teóricos (Dubois, Metz) que afirmam ser a foto
um índice além do vínculo químico. Defendem que ela possui um a continuidade física
e indica a existência atemporal do seu referente - a fotografia carrega o referente e
também o contexto histórico do período em que foi retratada. Assim como a pintura, a
prática da fotografia oferece dados do comportamento de uma cultura de outra época.
Vários estudos de moda são feitos por meio da análise fotográfica do passado.
Roland Barthes escreveu um livro, A câmara clara (1984), em que busca
a "essência" da fotografia por meio da análise de vários retratos do seu tempo ou mesmo
do passado. Barthes destaca a presença de um referente que impregna a fotografia.
Explica que os raios luminosos rebatidos do objeto são revelados na película. “A foto é
literalmente uma emanação do referente" (BARTHES, 1980,p.121). Acrescenta que a
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